"Tem história que parece que foi feita para ser escrita. Tanto que os escritores se esforçam para conseguir criar algo que dure, mas frequentemente não conseguem ir muito além do seu próprio mundo, do seu próprio ego. Casos como os de "A cabeça do santo", porém, fazer crer na existência de histórias que "pedem" para ser contadas e que por isso são mais especiais que as outras. A autora viu um jornal ao caso, leu aleatoriamente a história de uma cabeça de santo, teve algumas ideias sobre o que escrever e o "universo" colaborou para isso, permitindo a ela até mesmo mostrar sua ideia para o García Márquez. A "história dessa história" parece fazer parte do realismo mágico também, parece que foi a obra de algum santo ou alma penada que desejava que isso fosse contado.

E a autora contou isso muito bem. Criou uma história divertida e instigante, nos melhores moldes não só do realismo mágico, mas dos romances populares nordestinos, e assim conseguiu ser memorável. Que coisa maravilhosa a história de alguém que vive na cabeça de uma estátua de Santo Antônio e de lá consegue ouvir as orações que as solteironas da cidade fazem para ele! Deliciei-me com a leitura e com os personagens que a autora criou, com as situações inexplicáveis, com as reviravoltas, com os dramas, com o humor, com tudo que uma boa história merece.

O García Márquez estava certo quando falou que gostaria de ver isso filmado, porque rende um filme e tanto. Estão fazendo, espero que seja bom. "