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No campo da saúde, existe uma condição clínica comumente conhecida como “Síndrome do Coração Partido��, caracterizado por uma lesão cardíaca motivada por um embate emocional extremo, como o término de uma relação ou a partida de um familiar querido. De prognóstico por vezes letal, os seus efeitos nefastos não foram exactamente aqueles experimentados pelo protagonista desta novela. Antes mimetizam os experienciados pelos leitores, que se entreguem a estes momentos de delicada sinceridade.
Neste que foi um dos seus primeiros trabalhos, Dostoiévski retrata com uma singela naturalidade a culpa e o sofrimento, profetizando a doença mental, ou não fosse ele próprio um mestre da psicologia, com uma ânsia imensa de compreender a alma humana, no mais profundo do seu âmago. Assente nas suas próprias vivências entre as pobres mas majestosas ruelas russas, onde a tristeza impera sobre o domínio do czar, o autor apresenta Vassía, um jovem escrivão que partilha apartamento com o seu melhor amigo Arkádii. Deflagrador dos mais nobres sentimentos com quem trava conhecimento, num golpe do destino vê-se envolvido pelo amor no estado puro. Contudo, numa revelação já presente no título, Vassía apresenta-se com um pequeno rato frente ao mundo de elefantes, sendo infectado por uma inquietação imensa que o faz duvidar se é merecedor dessa dedicação e se consegue transmitir com afinco a gratidão devida. Resta negar a amada alegria e abraçar a louca tristeza.
Num estilo constrictor mas sedutor, o autor ilustra os meandros da psicopatologia que tão bem domina. Ao mesmo tempo, oferece pérolas para a vida como: ��"Porque estás feliz, queres que todos, absolutamente todos, fiquem felizes imediatamente. Dói e incomoda ser feliz sozinho". Há decisões inusitadas que nos fazem tropeçar em tesouros, nos momentos chave, e selar votos com os autores russos. O que faltou? Há quem, sadista, queira mais sofrimento�� eu só queria prolongar a história por mais páginas!