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Rita's Reviews > Capitães da Areia

Capitães da Areia by Jorge Amado
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bookshelves: n-brasil, s-5, y-1990-1999, y-2020, favourites
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Jorge Amado nasceu a 10 de Agosto de 1912 em Itabuna, no sul do estado da Bahia. Estudou Direito, mas nunca exerceu advocacia. Estreou-se aos 18 anos com a obra O país do carnaval, e em 1937 viu toda a primeira edição de Capitães da Areia ser queimada em praça pública, o que o levou, em 1941, ao exílio na Argentina e no Uruguai.
Em 1945 foi eleito Deputado Federal, mas voltou ao exílio em 1947, desta vez em França e Checoslováquia, quando o Partido Comunista foi ilegalizado. Regressou ao Brasil em 1952, em 1961 foi eleito para a Academia Brasileira de Letras. Foi membro correspondente da Academia de Ciências de Lisboa.
Foi agraciado com inúmeros prémios internacionais e recebeu diversos títulos, entre os quais:
Vencedor do Prémio Luís de Camões, em 1995
Grande Oficial da Ordem de Santiago da Espada, em 1990
Comendador da Ordem do Infante Dom Henrique, em 1986
Jorge Amado faleceu na Bahia em 2001.

Se já tinha gostado deste livro na primeira vez que o li, agora ainda gostei mais. Tornou-se um favorito.
Aquilo que me entristece é olhar para o Brasil e ver que mais de 80 anos depois esta continua a ser a realidade de milhares de pessoas.

Os molecotes atrevidos, o olhar vivo, o gesto rápido, a gíria de malandro, os rostos chapados de fome, vos pedirão esmola. Praticam também pequenos furtos.
Há oito anos escrevi um romance sobre eles, os “Capitães da Areia�.
Os que conheci naquela época são hoje homens feitos, malandros do cais, com cachaça e violão, operários de fábrica, ladrões fichados na polícia, mas os “Capitães da Areia� continuam a existir, enchendo as ruas, dormindo ao léu. Não são um bando surgido ao acaso, coisa passageira na vida da cidade. É um fenômeno permanente, nascido da fome que se abate sobre as classes pobres. Aumenta diariamente o número de crianças abandonadas. Os jornais noticiam constantes malfeitos desses meninos que têm como único corretivo as surras na polícia, os maus tratos sucessivos. Parecem pequenos ratos agressivos, sem medo de coisa alguma, de choro fácil e falso, de inteligência ativíssima, soltos de língua, conhecendo todas as misérias do mundo numa época em que as crianças ricas ainda criam cachos e pensam que os filhos vêm de Paris no bico de uma cegonha. Triste espetáculo das ruas da Bahia, os “Capitães da Areia�. Nada existe que eu ame com tão profundo amor quanto estes pequenos vagabundos, ladrões de onze anos, assaltantes infantis, que os pais tiveram de abandonar por não ter como alimentá-los. Vivem pelo areal do cais, por sob as pontes, nas portas dos casarões, pedem esmolas, fazem recados, agora conduzem americanos ao mangue. São vítimas, um problema que a caridade dos bons de coração não resolve. Que adiantam os orfanatos para quinze ou vinte? Que adiantam as colônias agrícolas para meia dúzia? Os “Capitães da Areia� continuam a existir. Crescem e vão embora mas já muitos outros tomaram os lugares vagos. Só matando a fome dos pais pode-se arrancar à sua desgraçada vida essas crianças sem infância, sem brinquedos, sem carinhos maternais, sem escola, sem lar e sem comida. Os “Capitães da Areia�, esfomeados e intrépidos!

Bahia de todos os Santos, Jorge Amado
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Finished Reading
July 30, 2011 – Shelved
September 17, 2020 – Started Reading
September 17, 2020 –
page 57
21.67% "Esse bando que vive da rapina se compõe, ...de um número superior a 100 crianças,... indo desde os 8 aos 16...São chamados de "Capitães da Areia" porque o cais é o seu quartel-general...Vestidos de farrapos, sujos, semi-esfomeados, agressivos, soltando palavrões e fumando pontas de cigarro, eram, em verdade, os donos da cidade, os que a conheciam totalmente, os que totalmente a amavam, os seus poetas."
September 18, 2020 –
page 87
33.08% "E eles esqueceram que não eram iguais às demais crianças, esqueceram que não tinham lar, nem pai, nem mãe, que viviam de furto como homens, que eram temidos na cidade como ladrões. Esqueceram tudo e foram iguais a todas as crianças...As estrelas brilhavam, brilhava a lua cheia."
September 20, 2020 –
page 135
51.33% "Eles furtavam, brigavam nas ruas, xingavam nomes, derrubavam negrinhas no areal, por vezes feriam com navalhas ou punhal homens e polícias. Mas, no entanto, eram bons, uns eram amigos dos outros. Se faziam tudo aquilo é que não tinham casa, nem pai, nem mãe, a vida deles era uma vida sem ter comida certa e dormindo num casarão quase sem teto."
September 22, 2020 –
page 167
63.5% "Professor ficou com as palavras presas, um nó na garganta. Mas também achava bonito Boa-Vida andar assim para a morte para não contaminar os outros. Os homens assim são os que têm uma estrela no lugar do coração. E quando morrem o coração fica no céu...Boa-Vida voltou magro...Professor olhou o peito de Boa-Vida. Estava todo picado da varíola. Mas no lugar do coração Professor viu uma estrela."
September 23, 2020 –
page 194
73.76% "E os caixões negros de adultos, os caixões brancos de virgens, os pequenos caixões de crianças desciam as ásperas ladeiras do morro para o cemitério distante. Isso quando não eram sacos que desciam com os variolosos ainda vivos que eram levamos para o lazareto."
September 24, 2020 –
page 243
92.4%
September 25, 2020 –
page 263
100.0%
September 25, 2020 – Finished Reading

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