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Capitães da Areia
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Rita's review
bookshelves: n-brasil, s-5, y-1990-1999, y-2020, favourites
Jul 30, 2011
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Jorge Amado nasceu a 10 de Agosto de 1912 em Itabuna, no sul do estado da Bahia. Estudou Direito, mas nunca exerceu advocacia. Estreou-se aos 18 anos com a obra O paÃs do carnaval, e em 1937 viu toda a primeira edição de Capitães da Areia ser queimada em praça pública, o que o levou, em 1941, ao exÃlio na Argentina e no Uruguai.
Em 1945 foi eleito Deputado Federal, mas voltou ao exÃlio em 1947, desta vez em França e Checoslováquia, quando o Partido Comunista foi ilegalizado. Regressou ao Brasil em 1952, em 1961 foi eleito para a Academia Brasileira de Letras. Foi membro correspondente da Academia de Ciências de Lisboa.
Foi agraciado com inúmeros prémios internacionais e recebeu diversos tÃtulos, entre os quais:
Vencedor do Prémio LuÃs de Camões, em 1995
Grande Oficial da Ordem de Santiago da Espada, em 1990
Comendador da Ordem do Infante Dom Henrique, em 1986
Jorge Amado faleceu na Bahia em 2001.
Se já tinha gostado deste livro na primeira vez que o li, agora ainda gostei mais. Tornou-se um favorito.
Aquilo que me entristece é olhar para o Brasil e ver que mais de 80 anos depois esta continua a ser a realidade de milhares de pessoas.
Os molecotes atrevidos, o olhar vivo, o gesto rápido, a gÃria de malandro, os rostos chapados de fome, vos pedirão esmola. Praticam também pequenos furtos.
Há oito anos escrevi um romance sobre eles, os “Capitães da Areia�.
Os que conheci naquela época são hoje homens feitos, malandros do cais, com cachaça e violão, operários de fábrica, ladrões fichados na polÃcia, mas os “Capitães da Areiaâ€� continuam a existir, enchendo as ruas, dormindo ao léu. Não são um bando surgido ao acaso, coisa passageira na vida da cidade. É um fenômeno permanente, nascido da fome que se abate sobre as classes pobres. Aumenta diariamente o número de crianças abandonadas. Os jornais noticiam constantes malfeitos desses meninos que têm como único corretivo as surras na polÃcia, os maus tratos sucessivos. Parecem pequenos ratos agressivos, sem medo de coisa alguma, de choro fácil e falso, de inteligência ativÃssima, soltos de lÃngua, conhecendo todas as misérias do mundo numa época em que as crianças ricas ainda criam cachos e pensam que os filhos vêm de Paris no bico de uma cegonha. Triste espetáculo das ruas da Bahia, os “Capitães da Areiaâ€�. Nada existe que eu ame com tão profundo amor quanto estes pequenos vagabundos, ladrões de onze anos, assaltantes infantis, que os pais tiveram de abandonar por não ter como alimentá-los. Vivem pelo areal do cais, por sob as pontes, nas portas dos casarões, pedem esmolas, fazem recados, agora conduzem americanos ao mangue. São vÃtimas, um problema que a caridade dos bons de coração não resolve. Que adiantam os orfanatos para quinze ou vinte? Que adiantam as colônias agrÃcolas para meia dúzia? Os “Capitães da Areiaâ€� continuam a existir. Crescem e vão embora mas já muitos outros tomaram os lugares vagos. Só matando a fome dos pais pode-se arrancar à sua desgraçada vida essas crianças sem infância, sem brinquedos, sem carinhos maternais, sem escola, sem lar e sem comida. Os “Capitães da Areiaâ€�, esfomeados e intrépidos!
Bahia de todos os Santos, Jorge Amado
Em 1945 foi eleito Deputado Federal, mas voltou ao exÃlio em 1947, desta vez em França e Checoslováquia, quando o Partido Comunista foi ilegalizado. Regressou ao Brasil em 1952, em 1961 foi eleito para a Academia Brasileira de Letras. Foi membro correspondente da Academia de Ciências de Lisboa.
Foi agraciado com inúmeros prémios internacionais e recebeu diversos tÃtulos, entre os quais:
Vencedor do Prémio LuÃs de Camões, em 1995
Grande Oficial da Ordem de Santiago da Espada, em 1990
Comendador da Ordem do Infante Dom Henrique, em 1986
Jorge Amado faleceu na Bahia em 2001.
Se já tinha gostado deste livro na primeira vez que o li, agora ainda gostei mais. Tornou-se um favorito.
Aquilo que me entristece é olhar para o Brasil e ver que mais de 80 anos depois esta continua a ser a realidade de milhares de pessoas.
Os molecotes atrevidos, o olhar vivo, o gesto rápido, a gÃria de malandro, os rostos chapados de fome, vos pedirão esmola. Praticam também pequenos furtos.
Há oito anos escrevi um romance sobre eles, os “Capitães da Areia�.
Os que conheci naquela época são hoje homens feitos, malandros do cais, com cachaça e violão, operários de fábrica, ladrões fichados na polÃcia, mas os “Capitães da Areiaâ€� continuam a existir, enchendo as ruas, dormindo ao léu. Não são um bando surgido ao acaso, coisa passageira na vida da cidade. É um fenômeno permanente, nascido da fome que se abate sobre as classes pobres. Aumenta diariamente o número de crianças abandonadas. Os jornais noticiam constantes malfeitos desses meninos que têm como único corretivo as surras na polÃcia, os maus tratos sucessivos. Parecem pequenos ratos agressivos, sem medo de coisa alguma, de choro fácil e falso, de inteligência ativÃssima, soltos de lÃngua, conhecendo todas as misérias do mundo numa época em que as crianças ricas ainda criam cachos e pensam que os filhos vêm de Paris no bico de uma cegonha. Triste espetáculo das ruas da Bahia, os “Capitães da Areiaâ€�. Nada existe que eu ame com tão profundo amor quanto estes pequenos vagabundos, ladrões de onze anos, assaltantes infantis, que os pais tiveram de abandonar por não ter como alimentá-los. Vivem pelo areal do cais, por sob as pontes, nas portas dos casarões, pedem esmolas, fazem recados, agora conduzem americanos ao mangue. São vÃtimas, um problema que a caridade dos bons de coração não resolve. Que adiantam os orfanatos para quinze ou vinte? Que adiantam as colônias agrÃcolas para meia dúzia? Os “Capitães da Areiaâ€� continuam a existir. Crescem e vão embora mas já muitos outros tomaram os lugares vagos. Só matando a fome dos pais pode-se arrancar à sua desgraçada vida essas crianças sem infância, sem brinquedos, sem carinhos maternais, sem escola, sem lar e sem comida. Os “Capitães da Areiaâ€�, esfomeados e intrépidos!
Bahia de todos os Santos, Jorge Amado
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Capitães da Areia.
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July 30, 2011
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September 17, 2020
–
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September 17, 2020
–
21.67%
"Esse bando que vive da rapina se compõe, ...de um número superior a 100 crianças,... indo desde os 8 aos 16...São chamados de "Capitães da Areia" porque o cais é o seu quartel-general...Vestidos de farrapos, sujos, semi-esfomeados, agressivos, soltando palavrões e fumando pontas de cigarro, eram, em verdade, os donos da cidade, os que a conheciam totalmente, os que totalmente a amavam, os seus poetas."
page
57
September 18, 2020
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33.08%
"E eles esqueceram que não eram iguais às demais crianças, esqueceram que não tinham lar, nem pai, nem mãe, que viviam de furto como homens, que eram temidos na cidade como ladrões. Esqueceram tudo e foram iguais a todas as crianças...As estrelas brilhavam, brilhava a lua cheia."
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87
September 20, 2020
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51.33%
"Eles furtavam, brigavam nas ruas, xingavam nomes, derrubavam negrinhas no areal, por vezes feriam com navalhas ou punhal homens e polÃcias. Mas, no entanto, eram bons, uns eram amigos dos outros. Se faziam tudo aquilo é que não tinham casa, nem pai, nem mãe, a vida deles era uma vida sem ter comida certa e dormindo num casarão quase sem teto."
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135
September 22, 2020
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63.5%
"Professor ficou com as palavras presas, um nó na garganta. Mas também achava bonito Boa-Vida andar assim para a morte para não contaminar os outros. Os homens assim são os que têm uma estrela no lugar do coração. E quando morrem o coração fica no céu...Boa-Vida voltou magro...Professor olhou o peito de Boa-Vida. Estava todo picado da varÃola. Mas no lugar do coração Professor viu uma estrela."
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167
September 23, 2020
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73.76%
"E os caixões negros de adultos, os caixões brancos de virgens, os pequenos caixões de crianças desciam as ásperas ladeiras do morro para o cemitério distante. Isso quando não eram sacos que desciam com os variolosos ainda vivos que eram levamos para o lazareto."
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194
September 25, 2020
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Finished Reading