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Adriana Scarpin's Reviews > O Segundo Sexo: Fatos e Mitos

O Segundo Sexo by Simone de Beauvoir
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it was amazing
bookshelves: feminismo, francesa, filosofia, historia, mitologia, fucking-masterpiece, leia-mulheres

Por onde eu começo? Falando que finalmente achei uma bíblia pra chamar de minha? Como essas edições estão divididas em dois livros, esse que acabei de ler equivale ao Antigo Testamento, rá!

O Livro é dividido em três partes:

Parte 1 � Destino: Dividido em três capítulos, no primeiro fala-se sobre as bases biológicas das diferenças entre homens e mulheres e o quanto essas diferenças são ínfimas para justificarem um tratamento social diferenciado. No segundo é específico para destruir a teoria psicanalítica como uma teoria válida aos estudos de gênero e já evidencia uma simpatia de Beauvoir por Alfred Adler e um certo desprezo por Sigmund Freud, mesmo porque Adler era um dos raros feministas das primeiras décadas da psicologia. No Terceiro capítulo, Beauvoir aborda o feminismo do ponto de vista do Materialismo Histórico e tudo que é incompatível com ele, muito embora Marx e especialmente Engels vissem na mulher um sujeito tão oprimido quanto qualquer operário.

Parte 2 � História: Dividido em 5 capítulos que falam do tratamento da mulher através da história e filosofia, ficamos sabendo de indivíduos que foram realmente sexistas e até misóginos como Aristóteles, Hegel, Rousseau, Comte, Proudhon, Napoleão, Hitler e Pitágoras, aqui passa-se a falar da Mulher sendo sempre considerada O Outro e não um Sujeito. Ao passo que se cita alguns pensadores que foram homens feministas como Diderot, Voltaire, Engels, John Stuart Mill, Lincoln, Lênin e Stendhal.

Parte 3 � Os Mitos: Dividido em três capítulos, no primeiro Beauvoir se dispõe a falar dos arquétipos femininos que se concretizaram em função dos homens, desde arquétipos religiosos até puramente mitológicos que foram apropriados pelos homens para serem usados na opressão feminina. No segundo capítulo são analisados 5 autores e como o feminino é tratado em suas respectivas obras, o primeiro é Motherlant (que eu não conhecia e pelo que Beauvoir falou nem tenho pretensão de conhecer) que se enquadra como misógino, o segundo é D.H. Lawrence que é enquadrado como falocêntrico, o terceiro é o Paul Claudel (o irmão de Camille) que se enquadra como sexista bíblico, o quarto é o Breton se enquadrando como preservador da mulher enquanto Outro e finalmente, o quinto é Stendhal que usava sua literatura para descrever mulheres completas e plenas como Sujeito independentes do Homem. No terceito capítulo Beauvoir usa para colocar Motherlant, Lawrence, Claudel e Breton num mesmo balaio, o de não conseguirem se abster de colocar a mulher como um ser colocado no mundo para ser uma extensão dos homens, ao passo que Stendhal dá autonomia à mulher.

Enfim, eu tagueei esse livro com o pouco usado fucking masterpiece, porque simplesmente é uma obra prima e a Simone de Beauvoir é um gênio, sabendo dosar a teoria de Merleau-Ponty, Heidegger e, óbvio, Sartre para o deleite da causa feminista.

“Reconhecer um ser humano na mulher não é empobrecer a experiência do homem: esta nada perderia de sua diversidade, de sua riqueza, de sua intensidade, se se assumisse em sua intersubjetividade; recusar os mitos não é destruir toda relação dramática entre os sexos, não é negar as significações que se revelam autenticamente ao homem através da realidade feminina; não é suprimir a poesia, o amor, a aventura, a felicidade,o sonho: é somente pedir que as condutas, os sentimentos, as paixões assentem na verdade�. - Simone de Beauvoir
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Reading Progress

August 25, 2013 – Shelved as: to-read
August 25, 2013 – Shelved
August 25, 2013 – Shelved as: feminismo
August 25, 2013 – Shelved as: francesa
December 24, 2013 – Started Reading
December 26, 2013 –
page 14
4.53% "A necessidade biológica � desejo sexual e desejo de posteridade � que coloca o macho sob a dependência da fêmea não libertou socialmente a mulher. O senhor e o escravo estão unidos por uma necessidade econômica recíproca que não liberta o escravo."
December 26, 2013 –
page 14
4.53% "É que, na relação do senhor com o escravo, o primeiro não põe a necessidade que tem do outro; êle detém o poder de satisfazer essa necessidade e não a mediatiza; ao contrário, o escravo, na dependência, esperança ou medo, interioriza a necessidade que tem do senhor; a urgência da necessidade, ainda que igual em ambos, sempre favorece o opressor contra o oprimido: é o que explica que a libertação da classe proletária,"
December 26, 2013 –
page 14
4.53% "por exemplo, tenha sido tão lenta. Ora, a mulher sempre foi, senão a escrava do homem ao menos sua vassala; os dois sexos nunca partilharam o mundo em igualdade de condições; e ainda hoje, embora sua condição esteja evoluindo, a mulher arca com um pesado handicap."
December 27, 2013 –
page 152
49.19% "As minorias mais oprimidas de uma sociedade são, amiúde, utilizadas pelos opressores como arma contra o conjunto da classe a que pertencem."
December 27, 2013 –
page 158
51.13% "Estou convencido de que as relações sociais dos dois sexos, que subordinam um sexo a outro em nome da lei, são más em si mesmas e constituem um dos principais obstáculos que se opuseram ao progresso da humanidade; estou convencido de que devem ser substituídas por uma igualdade perfeita. - John Stuart Mill"
December 27, 2013 –
page 169
54.69% "É de observar que, uma vez abolida socialmente, sua feminilidade não mais tenha constituído uma inferioridade: a proporção de rainhas que realizaram grandes governos é infinitamente superior à dos grandes reis."
December 29, 2013 – Shelved as: filosofia
December 29, 2013 – Shelved as: historia
December 30, 2013 –
page 228
73.79% "É claro que em se sonhando assim doador, libertador, redentor, o homem ainda aspira à escravização da mulher; sim, porque para despertar a Bela Adormecida cumpre que ela durma; são necessários ogros e dragões para que haja princesas cativas. Entretanto, quanto mais o homem aprecia as empresas difíceis, mais êle se compraz em conceder a independência à mulher."
December 30, 2013 –
page 228
73.79% "O ideal do homem médio ocidental é uma mulher que se submeta livremente a seu domínio, que não aceite suas idéias sem discussão, mas que ceda diante de seus argumentos, que lhe resista com inteligência para acabar deixando-se convencer. Quando mais seu orgulho se torna ousado, mais êle deseja que a aventura seja perigosa: é mais belo dominar Pentesiléia do que desposar Cinderela."
December 31, 2013 – Shelved as: mitologia
January 1, 2014 –
page 293
94.82% "A mulher realmente em Stendhal o que Hegel em dado momento se
viu tentado a considerá-la: essa consciência outra que, no reconhecimento recíproco, dá ao sujeito outro a mesma verdade que recebe dele."
January 1, 2014 – Shelved as: fucking-masterpiece
January 1, 2014 – Finished Reading
November 3, 2017 – Shelved as: leia-mulheres

Comments Showing 1-2 of 2 (2 new)

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message 1: by [deleted user] (new)

ADOREI!!!


message 2: by Giovanni (new) - added it

Giovanni Bianco Que linda resenha!

"fucking masterpiece" é genial. hahaha. Vou adotar! :)

Volto a comentar quando terminar o livro...


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