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“A bala é o signo do distanciamento, da impessoalidade. Matar alguém a tiro é como matar um rato com uma ratoeira: facilita a indiferença. A faca, não. Ela torna tudo mais pessoal. Sua própria força no golpe, a percepção da lâmina rasgando a pele, dilacerando os órgãos do outro. Você sente agora a contração súbita dos músculos, enquanto torce a lâmina lá dentro só para aumentar a agonia, garantir a dor. Vê o sangue jorrar e cobrir sua mão firme, segurando o cabo, já em contato com a pele do abdome, a lâmina penetrando uns treze centímetros estômago adentro. O sangue escuro e de cheiro metálico â€� quente, você sabe, embora não sinta o calor porque está de luvas (não é nenhum idiota do tipo que se arrisca a deixar rastros).”
― Camilo Gomes Jr., Sombra

“O corpo só foi encontrado depois da noite fria se instalar.”
― Carlos Miguel Ferreira, O Regresso de Larry Miller