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“Começarei por dizer, sobre os dias e anos de minha infância, que meu único personagem inesquecível foi a chuva.”
― Pablo Neruda, Memoirs

“Sons molhados, cheiros encharcados; eu nunca parei de chover.”
― Filipe Russo, Caro Jovem Adulto

“Era comum chover mas, em Outubro â€� quem pode esquecer as chuvas de Outubro? â€� caía aquela chuva perturbadoramente silenciosa. Que era tão nebulosa que ficava bela; que, se não molhasse, ninguém acreditaria tratar-se de uma chuva; que era tão lenta que dava para acompanhar com os olhos o seu cair. Aquilo a que os aldeões chamavam «as chuvas de Outubro», era o cúmulo da mansidão daquele viver. Os olhos quase descaíam em choro mirando o sol subdividindo-se, ao fim da tarde, em cada gota dessa precipitação lentadinosa, faz conta, o astro maior se fosse derretendo todos os dias um poucochinho mais.”
― Ondjaki, The Whistler

“Vi que chovia.
desconheço os meandros da poesia que faz uma chuva cair devagar.

(...)

Quantas imagens me traz esta chuva repentinamente lenta! Sei que existe chuvisco. Pingo. Molha-parvos. Chuva torrencial. Cacimbo. Geada. Mas isto é chuva lenta. Talvez a minha preferida. Talvez.”
― Ondjaki, Sonhos Azuis pelas Esquinas

“Ante o frio
faz com o ³¦´Ç°ù²¹Ã§Ã£´Ç
o contrário do que fazes com o corpo:
despe-o.
Quanto mais nu,
mais ele encontrará
o único agasalho possível
- um outro ³¦´Ç°ù²¹Ã§Ã£´Ç.”
― Mia Couto, A Chuva Pasmada

“A noite já não me parecia noite, mas um dia inexplicável, maravilhosamente opalino, e conquanto a chuva persistisse, os seus reflexos eram chispas de luz própria, emitidas por míriades de pequeninas jóias de rara espécie que configurassem o bordado duma gigantesca túnica azul, branca e dourada a descer dos céus e a envolver o mundo inteiro.”
― António de Macedo, O Limite de Rudzky