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“A cronologia da inf芒ncia n茫o segue uma linha reta, mas 茅 feita de sobressaltos. A mem贸ria 茅 um espelho opaco e estilha莽ado, ou melhor, 茅 feita de conchas intemporais de lembran莽as espalhadas numa praia de esquecimento. Sei que aconteceram muitas coisas naqueles anos, mas tentar record谩-las 茅 t茫o desesperador como tentar lembrar um sonho, um sonho que deixou em n贸s uma sensa莽茫o, mas nenhuma imagem, uma hist贸ria sem hist贸ria, vazia, da qual resta apenas um vago estado de esp铆rito. As imagens se perderam. Os anos, as palavras, as brincadeiras, as car铆cias se apagaram, e no entanto, de repente, rememorando o passado, alguma coisa volta a se iluminar na sombria regi茫o do esquecimento [153].”
― Hector Abad

“Epit谩fio /J.L.Borges (?)
J谩 somos a aus锚ncia que seremos.
O p贸 elementar que nos ignora,
que foi o rubro Ad茫o, e que 茅 agora
todos os homens, e que n茫o veremos.
J谩 somos sobre a campa as duas datas
do in铆cio e do fim. O ata煤de,
a obscena corrup莽茫o que nos desnude,
o pranto, e da morte suas bravatas.
N茫o sou o insensato que se aferra

ao som encantat贸rio do seu nome.
Penso com esperan莽a em certo homem

que n茫o h谩 de saber o que eu fui na terra.
Sob o cruel azul do firmamento

consolo encontro neste pensamento [277].”
― Hector Abad

“No dia de sua morte, minha av贸 entregou ao meu pai o rel贸gio de bolso do senhor arcebispo, de ouro maci莽o, marca Ferrocarril de Antioquia, mas fabricado na Su铆莽a, que conservo at茅 hoje e que passar谩 ao meu filho, como um testemunho e um estandarte (embora eu n茫o saiba do qu锚), no dia em que eu morrer [60].”
― Hector Abad, El olvido que seremos