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Riso na Escuridão
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"Era uma vez um homem chamado Albinus que vivia em Berlim, na Alemanha. Era rico, respeitável, feliz; certo dia abandonou a mulher por causa de uma amante jovem; amava; não era amado; e a sua vida acabou em desastre.
Isto é a história toda e podÃamos tê-la deixado por aqui se não fosse o proveito e o prazer no contar"
Assim inicia Nabokov este romance. E logo me lembrei de um trecho de uma recente opinião do Nelson Zagalo sobre o porquê de lermos literatura; não será, certamente, apenas pelas histórias que essas estão por "todo o lado" e todas semelhantes. O "proveito" reside na forma como um autor nos conta essas vidas e que as torna únicas e especiais. Nabokov fá-lo muito bem, revelando um poder absoluto sobre as personagens e, mesmo quando rasa o absurdo, não deixamos de acreditar nelas. Em Riso na Escuridão constrói - com grande requinte - um dramalhão de "fazer chorar as pedras da calçada". Eu - que com tal enredo, contado por outra pena, teria chorado nem Madalena - dei por mim, durante toda a leitura, sorrindo perversamente com a forma cruel com que Nabokov tiraniza o seu Albinus...
É isto (e outras coisas que não sei se algum dia saberei...) que procuro na literatura: o desconcerto oferecido pelo inesperado que me faz rir quando deveria chorar; o deslumbrar-me com uma frase que me diz o que já sei, mas de uma forma que eu nunca saberia dizer; o reconhecer-me numa personagem, nos seus ridÃculos, nas suas perversidades, nas suas fragilidades; e...
Se um dia me decidir a construir uma lista dos "meus 10 autores", creio bem que Vladimir Nabokov vai lá estar...
Isto é a história toda e podÃamos tê-la deixado por aqui se não fosse o proveito e o prazer no contar"
Assim inicia Nabokov este romance. E logo me lembrei de um trecho de uma recente opinião do Nelson Zagalo sobre o porquê de lermos literatura; não será, certamente, apenas pelas histórias que essas estão por "todo o lado" e todas semelhantes. O "proveito" reside na forma como um autor nos conta essas vidas e que as torna únicas e especiais. Nabokov fá-lo muito bem, revelando um poder absoluto sobre as personagens e, mesmo quando rasa o absurdo, não deixamos de acreditar nelas. Em Riso na Escuridão constrói - com grande requinte - um dramalhão de "fazer chorar as pedras da calçada". Eu - que com tal enredo, contado por outra pena, teria chorado nem Madalena - dei por mim, durante toda a leitura, sorrindo perversamente com a forma cruel com que Nabokov tiraniza o seu Albinus...
É isto (e outras coisas que não sei se algum dia saberei...) que procuro na literatura: o desconcerto oferecido pelo inesperado que me faz rir quando deveria chorar; o deslumbrar-me com uma frase que me diz o que já sei, mas de uma forma que eu nunca saberia dizer; o reconhecer-me numa personagem, nos seus ridÃculos, nas suas perversidades, nas suas fragilidades; e...
Se um dia me decidir a construir uma lista dos "meus 10 autores", creio bem que Vladimir Nabokov vai lá estar...
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Riso na Escuridão.
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Nelson
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Nov 22, 2015 07:02AM

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Dos Nabokov que já li (Fogo Pálido, Pnin, Ada ou Ardor, Lolita, Riso na Escuridão) gostei de todos, embora Ada e Fogo Pálido sejam um quebra-cabeças. O próximo da lista será O Dom que me disseram ser do melhor dele. Sem medos :))

O olho
°Õ°ù²¹²Ô²õ±è²¹°ùê²Ô³¦¾±²¹²õ
A verdadeira história de Sebastian Knight
O original de Laura
Lolita
Riso na escuridão já não estava nos meus planos ler, mas entrei na biblioteca e bati os olhos no livro, espreitei, li o primeiro parágrafo, chegou-me o riso e não resisti, tive que o ler.
Li os vossos comentários sobre os livros e "Ada ou Ardor" e o "Dom" e aguçou a minha curiosidade, acho que ainda não vou dar por terminado o périplo de Nabokov
Gostei imenso da tua análise Teresa :)

Ada ou Ardor "partiu-me a cabeça". É uma obra magnÃfica mas, para mim, muito difÃcil de ler. Fogo Pálido também achei complicado mas não me "doeu" tanto. Penso que são obras que exigem disponibilidade para ler, reler, pesquisar, sob pena de nos perdermos. O Dom â€� que está no meu plano de leitura deste ano â€� também não me parece ser "pera doce" mas se só lêssemos coisas fáceis seria um enfado.
Obrigada, Maria :)