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As heroínas de Miss Austen não só sabem o que querem, como desenvolvem planos para conseguirem lá chegar.
Mas Lady Susan (35 anos) é distinta das outras: é uma vilã; viúva há quatro meses, não a melhor das mães de uma filha de 16 anos, eloquente, intriguista, ambiciosa, confiante dos seus talentos e beleza recorre a estratégias censuráveis para voltar a casar com um casado ou com um solteiro. Nessa época, os homens casados podiam separar-se e voltar a casar o que não era válido para as mulheres. O que interessa? Lady Susan é viúva, pode casar � tal como hoje, 9 meses após a viuvez.
Romance epistolar, 41 cartas trocadas entre diversas personagens que analisam todos os receios sobre os estragos que Lady Susan possa provocar. As cartas entre a protagonista e a sua melhor amiga são genuinamente cómicas pois nem uma nem outra nada escondem.
O livro � muito bem arquitectado -, encerra com uma conclusão genial; Aqui transcrevo um pequeno excerto:

«Esta correspondência, por uma reunião entre algumas das partes, e separação entre as outras, não poderia, para grande prejuízo dos rendimentos dos Correios, continuar por muito mais tempo.»

O final é feliz e surpreendente, mesmo sabendo do tudo que a heroína é capaz. Miss Austen era uma satirista e criou uma personagem, que apesar dos seus defeitos e carácter intriguista e manipulador, consegue agradar e divertir.
O livro está adaptado ao cinema com o título «Amor e Amizade», estranhamente; Miss Austen escreveu outro livro com esse título.

«Se há alguma coisa de que me envaideço, é da minha eloquência. A prudência e a estima resultam seguramente do domínio da linguagem, como a admiração está ao serviço da beleza, e aqui tenho oportunidade que chegue para o exercício do meu talento, já que a maior parte do tempo se passa em conversa.»