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3,5*

"As Pequenas Virtudes�� abre com um prólogo de Rachel Cusk, tão insípido e frio como tudo o que ela escreve e que deverá, como todas as introduções que comentam demasiado, ser lido no fim.
Nesta compilação de Natalia Ginzburg há quatro ensaios de que desgostei realmente. Sob a mesma temática, temos “England: Eulogy and Lament�� e “La Maison Volpé��, ambos escritos em Inglaterra sobre Inglaterra, no início dos anos 60. Não deixo de os compreender, pois, no fundo, são uma resposta merecida aos escritores ingleses que passaram séculos a rebaixar e a insultar os italianos sempre que viajavam pelo seu país, referindo-se a eles praticamente como uns selvagens, mas parecem-me ambos mesquinhos e revanchistas, sem terem propriamente substância.
No campo da intelectualização da trivialidade, temos “Human Relationships��, que é bastante elementar: um conjunto de generalizações que não acrescentam nada de relevante. A utilização generalista do “nós�� neste ensaio torna-se insuportável no seguinte, “Little Virtues��, que é tão moralista que mais parece um sermão do alto de um arrogante púlpito. Dizer aos outros como devem gastar o SEU dinheiro e educar os SEUS filhos são assuntos que me deixam imediatamente eriçada.

There is no better way to teach a child this indifference than to give him money to spend when there is money �� because then he will learn to part with it without worrying about it or regretting it.

“He and I��, “My Vocation�� e “Silence�� são interessantes reflexões pessoais de Natalia Ginzburg, que nos permitem ficar a conhecê-la um pouco, mas o ponto alto são os três primeiros textos e “The Son of Man��, que justificam por si só a leitura de “As Pequenas Virtudes��.
“Winter in the Abruzzi�� descreve com muita graça um período em que Natalia, os filhos e o marido se exilaram nessa região, por se oporem ao regime fascista, e onde ela escreveu a sua primeira novela, “O Caminho da Cidade��. As descrições da paisagem e da vida na província são encantadoras, mas o final é de gelar o sangue.

When the first snows began to fall a quiet sadness took hold of us. We were in exile: our city was a long way off, and so were books, friends, the various desultory events of a real existence.

“Worn-out Shoes�� é uma história singela mas cheia de significado sobre amizade e cumplicidade em torno de um par de sapatos descambados, enquanto “Portrait of a Friend�� é um retrato tão nostálgico e pungente como se pode imaginar algo escrito por uma amiga chegada de Cesare Pavese.

And now it occurs to us that our city resembles the friend whom we have lost and who loved it; it is, as he was, industrious, stamped with a frown of stubborn, feverish activity; and it is simultaneously listless and inclined to spend its time idly dreaming.

Escrito no rescaldo da Segunda Guerra, “The Son of Man�� fala do medo intrínseco e da impossibilidade de superar o trauma dos horrores vividos durante essa época.

We cannot lie in our books and we cannot lie in any of the things we do. And perhaps this is the one good thing that has come out of the war. Not to lie, and not to allow others to lie to us.

Winter in the Abruzzi - 5*
Worn-out shoes - 5*
Portrait of a Friend-5*
England: Eulogy and Lament-2*
"La Maison Volpé - 2*
He and I - 3*
The Son of Man-5*
My Vocation-4*
Silence - 3*
Human Relations �� 2*
Little Virtues �� 2*