ŷ

Celeste Corrêa 's Reviews > O Mito de Sísifo

O Mito de Sísifo by Albert Camus
Rate this book
Clear rating

by
88222355
's review

really liked it
bookshelves: albert-camus
Read 2 times. Last read May 25, 2020 to August 29, 2021.

«Os deuses tinham condenado Sísifo a empurrar sem descanso um rochedo até ao cume de uma montanha, de onde a pedra caía de novo, em consequência do peso. Tinham pensado, com alguma razão, que não há castigo mais terrível do que o trabalho inútil e sem esperança.»

E Camus termina o seu ensaio com a frase «É preciso imaginar Sísifo feliz.»

Penso que a felicidade não existe, mas existem momentos felizes; talvez sejamos Sífilos felizes quando nos permitem os nossos momentos de ócio sem cobranças ou condenações.
Se a vida não tem sentido, para que levá-la a sério? Viver é um hábito, um tempo escasso que não devemos desperdiçar sem o ter esgotado.
«Em a Morte Feliz», Camus escreve «Não temos tempo de sermos nós próprios. Temos apenas tempo para sermos felizes.»

São felizes ou resignadas as personagens de Camus? O absurdo em Camus varia entre o pessimismo e o optimismo?
A obra de Camus sobreviveu, influenciou escritores e toda uma geração do pós-guerra.
Li algures que em 1970, uma jovem professora, Gabrielle Rusier, confessou na sua correspondência, pouco antes de se suicidar:

«Cheguei ao ponto em que anseio que amanhã tudo se termine como em O Estrangeiro


50 likes · flag

Sign into ŷ to see if any of your friends have read O Mito de Sísifo.
Sign In »

Reading Progress

Finished Reading
May 25, 2020 – Started Reading
May 25, 2020 –
page 9
6.62% "«Ó minha alma, não aspires à vida imortal, mas
esgota o campo do possível.»

íԻ岹"
May 26, 2020 –
page 21
15.44% "«(..) num universo subitamente despojado de ilusões e de luzes, o homem sente-se um estrangeiro. Tal exílio é sem recurso, visto que privado das recordações de uma pátria perdida ou da esperança de uma terra prometida. Esse divórcio entre o homem e a sua vida, entre o ator e o seu cenário, é que é verdadeiramente o sentimento do absurdo.»
[O ABSURDO E O SUICÍDIO, pag. 17]
A minha ideia é ler um capítulo por dia."
May 27, 2020 –
page 21
15.44% "«Tal como as grandes obras, os sentimentos profundos significam sempre mais do que aquilo que têm a consciência de dizer. (..) O que é verdade em relação a sentimentos já especializados, mais ainda o será no tocante a emoções, na sua base tão indeterminadas - ao mesmo tempo tão confusas e tão "certas", tão longínquas e tão "presentes"' - como as que nos proporciona o belo ou que suscita o absurdo.»
[PAREDES ABSURDAS]"
February 16, 2021 –
page 67
49.26% "«De momento, só quero falar de um mundo onde os pensamentos são privados de futuro, tal como as vidas. Tudo o que faz o homem trabalhar e agitar-se utiliza a esperança. O único pensamento que não é enganador é, portanto, um pensamento estéril. No mundo absurdo, o valor de uma noção ou de uma vida mede-se pela sua infecundidade.»"
February 16, 2021 –
page 68
50.0% "«[Don Juan] Lembra aqueles artistas que conhecem os seus limites, nunca os excedem, e, nesse intervalo precário onde o seu espírito se instala, tem o maravilhoso á-vontade dos mestres. E é bem isso o génio: a inteligência que conhece as suas fronteiras.»

Obs: obold é meu."
February 16, 2021 –
page 74
54.41% "«Todos os especialistas da paixão no-lo dizem, não há amor eterno, a não ser contrariado. Não existe paixão sem luta. Tal amor só encontra fim na derradeira contradição, que é a morte. É preciso ser Werther ou nada. Ainda aí, há várias maneiras de alguém se suicidar, uma das quais é o dom total e o esquecimento de si próprio.»
página 70"
April 16, 2021 –
page 98
72.06% "«Todos os heróis de Dostoiévski se interrogam sobre o sentido da vida. É nisso que são modernos: não receiam o ridículo. O que distingue a sensibilidade moderna da sensibilidade clássica é que esta se alimenta de problemas morais e aquela de problemas metafísicos.»"
August 29, 2021 – Finished Reading
September 2, 2021 – Shelved

Comments Showing 1-15 of 15 (15 new)

dateDown arrow    newest »

message 1: by áܻ徱 (new) - added it

áܻ徱 Azevedo Somos todos Sísifo?


Celeste   Corrêa Nada percebo destes assuntos, áܻ徱, mas penso que sim. Às vezes, não parece tudo inútil? O trabalho, as rotinas parecem não fazer sentido.


message 3: by áܻ徱 (new) - added it

áܻ徱 Azevedo Concordo. Cada vez mais.


Celeste   Corrêa Pensar na condição humana provoca-me angústia. Nem sei qual o papel que desempenho.


message 5: by áپ (new)

áپ Linhares Gostei da tua resenha, Celeste, e às tantas somos Sísifo só que a pedra que empurramos não é mineral.


Celeste   Corrêa Obrigada, áپ! É viver como se os nossos actos tivessem um sentido sempre ansiando por que chegue o amanhã que nos mata.
É levantar cedo, ir para o trabalho, voltar para casa sempre desejando o fim de semana. Vivemos para o futuro e esquecemos o presente. E, um dia, acordamos, velhinhos e reformados com saudades do passado que não soubemos aproveitar ou dar um sentido.
É o absurdo da condição humana.


Théo d'Or This is my " bible ", from which I reread every evening with the same pleasure as at the beginning. As you cleverly say, Camus' absurdity masterfully varies between optimism and pessimism.
And you're right, Camus absurdity leans towards pessimism, because it acknowledges the futility of life. And this can lead to a sense of despair and hopelessness. But on the other hand, there is that optimistic view, in which by accepting the lack of inherent meaning, we can achieve a sense of liberation. I still wonder, though - can true happiness be achieved by
accepting the absurd, or is it just a fleeting illusion
that masks the inherent despair of existence? I ask you, because through your valuable insights of your vision on life, you have always found that missing element, in the fair appreciation of things.
You never failed in these appréciations, in seeing things as they are, despite
deceptive appearances.


Celeste   Corrêa Bonjour, Théo !

I am not receiving notifications

Maybe Camus celebrates life through the brief moments of happiness it offers. We are simply getting through the everyday, managing work responsibilities while longing for the weekends.

The challenge is to find meaning or small joys in the monotony of daily life. Camus might say we don’t have to wait for the weekend—or even for tomorrow—to truly live. Instead, we can find purpose and happiness even in ordinary days, no matter how absurd it feels.

In a way, Camus teaches us something valuable, urging us to think about life and treasure these fleeting moments as lessons on living.


Théo d'Or So, life is worth living as it is, right ? Even by changing these opinions between us, we can enjoy, they are small drops of rain, on a hot day . Small things make the greatness of spiritual fulfillment, and waiting for the next weekend becomes a sweet delight, through the very pleasure of hoping. Hope is , after all, everything that keeps us alive.


message 10: by Celeste (last edited Mar 09, 2025 09:34AM) (new) - rated it 4 stars

Celeste   Corrêa You are a poet, Théo! A man who enjoys "small drops of rain, on a hot day" is a happy man.


message 11: by Théo d'Or (new) - added it

Théo d'Or Small drops of rain,
On the window of a train..

Each station we pass by,

It is a moment to deny

The urge to turn, to look,
To wonder why.


Celeste   Corrêa Beautifully done, the way you rhymed "rain" with "train."


message 13: by Théo d'Or (new) - added it

Théo d'Or It's not an ordinary train,

It is " that " train.

The one that carries dreams,

Through life's uncertain streams.


Celeste   Corrêa Fernando Pessoa wrote: «O homem é do tamanho do seu sonho»

« L'homme est à la taille de son rêve »

"Man is the size of his dream"


message 15: by Théo d'Or (new) - added it

Théo d'Or Bien dit. L'homme ne serait rien sans son rêve.


back to top