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Muitas vezes, demasiadas vezes, é obrigada a lutar contra a fadiga, muitas vezes o médico tem de lhe receitar tónicos. Mas ela sabe que o dia que vai começar é um dia histórico, que lhe não é permitido mostrar-se fatigada, que ninguém na sala da audiência deve poder zombar da fraqueza de uma rainha, da filha de um imperador. É-lhe mais uma vez preciso empregar toda a energia do seu corpo cansado e esgotado; poderá, em seguida, repousar longamente, repousar para sempre. Maria Antonieta só tem duas coisas a fazer na Terra: defender-se com coragem e morrer com firmeza.

Uma menina quando casou com o futuro Luís XVI, só queria divertir-se. Não estava preparada para ser rainha e isso custou-lhe a cabeça. Foi nos piores momentos que mostrou a fibra de que era feita, que afinal não era só uma estouvada. Não lhe valeu de muito, é certo, mas quando a morte é o que resta, mais vale enfrentá-la com coragem e dignidade.

Só a deusa da liberdade, imóvel na sua pedra branca, ficou hirta no seu lugar, e continua a fitar o seu alvo invisível. Nada viu, nada ouviu. Olha com severidade para longe, para lá dos selvagens e absurdos actos dos homens. Ela ignora e quer ignorar o que em seu nome se pratica.


Não sabia muito sobre Maria Antonieta, mas, graças a esta biografia, fiquei com uma boa impressão da senhora.