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Os segredos da vida e do amor através da culinária que perpetua memórias e antepassados enquanto houver alguém que cozinhe as receitas herdadas.
Tita, uma das filhas da família De la Garza, nasceu com um destino já definido: não pode casar pois pela sua condição de mais nova das irmãs, cabe-lhe cozinhar para todos e cuidar da mãe até ao dia da sua morte. Tita ama Pedro que casa com uma das irmãs. Na família De la Garza obedecia-se e ponto final. Já que estava proibida de casar, poderia ao menos conhecer o amor? Ou nem isso lhe era permitido?
Tita «estaba como agua para chocolate», expressão mexicana que significa estar a ponto de transbordar como a água fervente para fazer o chocolate: em ebulição. Como estava irritada!

Expulsa do rancho onde a família vivia, vai dar os seus passos rumo à liberdade e ao fim da tradição familiar que condicionava as filhas mais novas.

É um livro exótico e extravagante com características de fantasia e realismo mágico e o peculiar sentido de humor mexicano.

É também um livro sensual, libidinoso, uma singular relação sexual através da comida, paixão com desenfreio, com luxúria, olhares tão poderosos que são capazes de acender o próprio Sol.

Tita andava sempre com frio mas aprende que o fósforo contido no corpo humano pode ser detonado com o hálito da pessoa amada.
Tita não é uma mulher resignada; não renuncia pois não é uma perdedora - sabe que a caixa de fósforos húmida que tem dentro de si pode ser seca.

É evidente que é preciso ter o cuidado de ir acendendo os fósforos um a um - digo eu - pois se acendem todos de uma vez o brilho produzido pode ter as suas consequências; mas, Tita desejava todas as emoções em simultâneo como um vulcão que une o que ninguém separará.
Adorei o livro da primeira à última página e já sinto saudades da Tita...do seu tempero, do cheiro da sua cozinha e da sua história de amor depois de uma paixão tantos anos contida.



«num abrir e fechar de olhos os chiles desapareceram das bandejas...Como estava longe o dia em que Tita se tinha sentido como um chile em nogado que se deixa por decência, para não demonstrar gula.»