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(...) mas convencida de que não voltaria a bater em Jacques, como na realidade aconteceu, porque a criança morrera naquele adolescente magro e vigoroso, de cabelos revoltos e olhar arrebatado, que trabalhara todo o Verão para levar um salário para casa e acabava de ser nomeado guarda-redes titular da equipa do liceu e, três dias antes, saboreara pela primeira vez, quase desfalecido, o contacto com a boca de uma jovem

(...) tinha vontade de a chamar e dizia a si mesmo que de qualquer modo não ouviria, esforçava-se então por permanecer acordado, ao mesmo tempo que ela, também levemente, imóvel sem fazer o menor barulho, até que o sono o dominava como já fizera à mãe após um dia trabalhoso a lavar roupa e a cuidar da faina doméstica.

O avião perdia altitude em direcção a Argel. Jacques pensava no pequeno cemitério de Saint-Brieuc, onde as sepulturas dos soldados estavam mais bem conservadas que as de Mondovi. O Mediterrâneo separava em mim dois universos - um onde, em espaços medidos, eram conservadas as recordações e os nomes, o outro em que o vento de areia apagava os vestígios dos homens em largos espaços. (...)

(...) para ser lançado noutro desconhecido, que já não era o seu, em que não conseguia acreditar que os professores fossem mais eruditos que os daquele em que o coração sabia tudo, e teria de passar a aprender e compreender sem ajuda, tornar-se finalmente um homem sem o auxílio do único que lhe acudira, crescer e desenvolver-se só, por último, pelo preço mais caro.

(...) mas que o final dos dias tornava de súbito misterioso e inquietante, quando as ruas começavam a povoar [se] de sombra ou quando uma única sombra anónima, assinalada por passos surdos e um ruído confuso de vozes, surgia por vezes, inundada de glória sangrenta ao clarão vermelho de um globo de farmácia, e o garoto, subitamente cheio de angústia, corria para a casa miserável para se reunir aos seus.

A mãe nunca os acompanhava. Também não sabia ler, mas além disso era semi-surda. O seu vocabulário ainda era mais limitado que o da avó. Ainda hoje a sua vida estava isenta de todo e qualquer divertimento. (...)

(...) «Vem comigo para França», convidou Jacques, mas ela abanou a cabeça com uma tristeza resoluta. «Isso não! Faz lá muito frio. Agora, já estou muito velha. Quero ficar na nossa casa.»

Malan olhava o grande lustre antigo que estava suspenso sobre a mesa, e a sua voz tornou-se mais abafada para dizer aquilo que, momentos mais tarde, só, ao vento, no bairro deserto, Cormery continuava a ouvir implacavelmente:
- Existe em mim um vazio horrível, uma indiferença que me incomoda ...