Å·±¦ÓéÀÖ

"Decidi que se houvesse alguém a verificar a lista de convidados à entrada, eu diria que me chamava Elena Ferrante. Ou talvez dissesse que era Lila, que tinha desaparecido na obscuridade, mas que regressava brevemente para salgadinhos e cocktails em Bloomsbury, Londres."

"Pensava em tudo isto, quando fiz a peregrinação para prestar a minha homenagem a Simone de Beauvoir no seu túmulo do Cemitério de Montparnasse, onde foi sepultada com Sartre. Até na morte ficariam para sempre ligados. Era um túmulo muito simples em arenito, cuja lápide estava coberta de beijos com batom vermelho."

Ela disse: "Só não percebo por que notivo queres uma casa no meio do nada. És uma pessoa cosmopolita, gostas de te vestir bem e de ir a festas, gostas de (...) casacos com gola de reboço como Sister Rosetta, aliás até tens as tuas melhores ideias quando estás no meio de muita gente, por isso o que te deixou assim tão rural? Quer dizer, és uma diva sempre foste." Ainda não lhe tinha falado dos lençóis de seda.

As chaves têm sempre algo de secreto e misterioso. São o instrumento para penetrar e abandonar, abrir e fechar, trancar e destrancar vários domínios desejáveis e indesejáveis. (...)
"Em certos aspetos", disse ele, "és igual à minha mulher. Ela também é obcecada por chaves. Exceto que ela é feliz e finge ser infeliz, e tu és infeliz e finges que és feliz."

"...nem sabia como obter uma casa tão espectacular com os meus rendimentos precários. Ainda assim, incluí-a na minha relação de bens imaginários, juntamente com duas ou três outras propriedades imaginárias mais pequenas. (...) Apesar da lareira em forma de ovo, a minha casa situava-se obviamente num clima quente, perto de um lago ou do mar. Uma vida sem nadar todos os dias não era uma vida que eu quisesse."