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Beira Mar Quotes

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Sophia de Mello Breyner Andresen
“MULHERES À BEIRA-MAR

Confundindo os seus cabelos com os cabelos
do vento, têm o corpo feliz de tão seu e
tão denso em plena liberdade.”
Sophia de Mello Breyner Andresen, Mar

José Luandino Vieira
“Num bar à beira-mar, com ondas a desfazerem-se em espuma nas estacas e o luar testemunha de encontros na areia, ele conheceu uma mulher.
Elas viviam todas a mesma Vida. Vidas que gritavam naquele universo de bebidas e venda do corpo. A luz era baça para dar ambiente. E elas eram pintadas, muito pintadas. Algumas escondiam olhos azuis no fundo de olheiras negras. Mas aceitavam tudo com naturalidade. Era tudo lógico. Tudo era apenas para ganharem o pão.
Nas mesas homens de idade avançada desfaziam-se em sorrisos e ficavam por momentos mergulhados na ¾±±ô³Ü²õã´Ç do rejuvenescimento. Porque elas eram pródigas em carinhos. Eles tinham dinheiro. E quando alguém descobria a verdade ou se lembrava da verdade, havia nos seus sorrisos ríctus de tristeza que abafavam mergulhando-os nos copos espumantes.
Foi ali que encontrou a mulher que o desejou. Ele queria dela o desejo desinteressado. Queria que o luar e o mar fossem as únicas testemunhas dos seus encontros. Ela gostava dele. Mas precisava de dinheiro para viver. O emprego dela era aquele. Os outros estavam vedados para ela. Custava-lhe aceitá-la como era. Sonhara sempre a mulher muito diferente. Nunca lançada ferozmente na conquista do pão. E de uma maneira trágica.
Queria a posse desinteressada, beijada pela espuma do mar, na areia amarela.
E tudo acabou quando ela lhe confessou que estava ²µ°ùá±¹¾±»å²¹ dum outro homem. A solução era só uma. Não podia ficar sem trabalhar alguns meses para depois ter a despesa dum filho. E foi tão simples, tão natural, tão sem culpa na sua ³¦´Ç²Ô´Ú¾±²õ²õã´Ç, que ele fugiu e nunca mais voltou ao bar da beira-mar.”
Luandino Vieira