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“Num bar 脿 beira-mar, com ondas a desfazerem-se em espuma nas estacas e o luar testemunha de encontros na areia, ele conheceu uma mulher.
Elas viviam todas a mesma Vida. Vidas que gritavam naquele universo de bebidas e venda do corpo. A luz era ba莽a para dar ambiente. E elas eram pintadas, muito pintadas. Algumas escondiam olhos azuis no fundo de olheiras negras. Mas aceitavam tudo com naturalidade. Era tudo l贸gico. Tudo era apenas para ganharem o p茫o.
Nas mesas homens de idade avan莽ada desfaziam-se em sorrisos e ficavam por momentos mergulhados na 颈濒耻蝉茫辞 do rejuvenescimento. Porque elas eram pr贸digas em carinhos. Eles tinham dinheiro. E quando algu茅m descobria a verdade ou se lembrava da verdade, havia nos seus sorrisos r铆ctus de tristeza que abafavam mergulhando-os nos copos espumantes.
Foi ali que encontrou a mulher que o desejou. Ele queria dela o desejo desinteressado. Queria que o luar e o mar fossem as 煤nicas testemunhas dos seus encontros. Ela gostava dele. Mas precisava de dinheiro para viver. O emprego dela era aquele. Os outros estavam vedados para ela. Custava-lhe aceit谩-la como era. Sonhara sempre a mulher muito diferente. Nunca lan莽ada ferozmente na conquista do p茫o. E de uma maneira tr谩gica.
Queria a posse desinteressada, beijada pela espuma do mar, na areia amarela.
E tudo acabou quando ela lhe confessou que estava 驳谤谩惫颈诲补 dum outro homem. A solu莽茫o era s贸 uma. N茫o podia ficar sem trabalhar alguns meses para depois ter a despesa dum filho. E foi t茫o simples, t茫o natural, t茫o sem culpa na sua 肠辞苍蹿颈蝉蝉茫辞, que ele fugiu e nunca mais voltou ao bar da beira-mar.”
― Luandino Vieira