Leitura Quotes
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“Ler 茅 um ritual que implica gestos, posi莽玫es, objetos, espa莽os, materiais, movimentos, modula莽玫es de luz. Para imaginarmos como liam os nossos antepassados, precisamos de conhecer, em cada 茅poca, essa rede de circunst芒ncias que rodeiam o 铆ntimo cerimonial de entrar num livro.”
― El infinito en un junco
― El infinito en un junco

“Restava-me o amparo dos livros. Abrigava-me neles da tempestade de todas as d煤vidas, e para ali ficava, esquecido das horas, esquecido de mim, observando a paz nocturna dos c茫es dormindo 脿 minha volta com a serenidade de quem nunca estar谩 de mal com o mundo”
― A M茫o Esquerda de Cervantes: Contos
― A M茫o Esquerda de Cervantes: Contos

“Os romances nunca ser茫o totalmente imagin谩rios nem totalmente reais. Ler um romance 茅 confrontar-se tanto com a imagina莽茫o do autor quanto com o mundo real cuja superf铆cie arranhamos com uma curiosidade t茫o inquieta. Quando nos refugiamos num canto, nos deitamos numa cama, nos estendemos num div茫 com um romance nas m茫os, nossa imagina莽茫o passa a trafegar o tempo entre o mundo daquele romance e o mundo no qual ainda vivemos. O romance em nossas m茫os pode nos levar a um outro mundo onde nunca estivemos, que nunca vimos ou de que nunca tivemos not铆cia. Ou pode nos levar at茅 as profundezas ocultas de um personagem que, na superf铆cie, parece semelhante 脿s pessoas que conhecemos melhor. Estou chamando aten莽茫o para cada uma dessas possibilidades isoladas porque h谩 uma vis茫o que acalento de tempos em tempos que abarca os dois extremos. 脌s vezes tento conjurar, um a um, uma multid茫o de leitores recolhidos num canto e aninhados em suas poltronas com um romance nas m茫os; e tamb茅m tento imaginar a geografia de sua vida cotidiana. E ent茫o, diante dos meus olhos, milhares, dezenas de milhares de leitores v茫o tomando forma, distribu铆dos por todas as ruas da cidade, enquanto eles l锚em, sonham os sonhos do autor, imaginam a exist锚ncia dos seus her贸is e v锚em o seu mundo. E ent茫o, agora, esses leitores, como o pr贸prio autor, acabam tentando imaginar o outro; eles tamb茅m se p玫em no lugar de outra pessoa. E s茫o esses os momentos em que sentimos a presen莽a da humanidade, da compaix茫o, da toler芒ncia, da piedade e do amor no nosso cora莽茫o: porque a grande literatura n茫o se dirige 脿 nossa capacidade de julgamento, e sim 脿 nossa capacidade de nos colocarmos no lugar do outro.”
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“脌s vezes sentava-me na rede, balan莽ando-me com o livro aberto no colo, sem toc谩-lo, em 锚xtase pur铆ssimo.
N茫o era mais uma menina com um livro: era uma mulher com o seu amante.”
― Felicidade Clandestina
N茫o era mais uma menina com um livro: era uma mulher com o seu amante.”
― Felicidade Clandestina

“desde os primeiros s茅culos da escrita at茅 脿 idade M茅dia, a norma era ler em voz alta, para si pr贸prio ou para os outros, e os escritores pronunciavam as frases 脿 medida que as escreviam ouvindo assim a sua musicalidade. Os livros n茫o eram uma can莽茫o que se cantava com a mente, como agora, mas sim uma melodia que saltava para os l谩bios e soava em voz alta. O leitor convertia-se no int茅rprete que lhe emprestava as suas cordas vocais. (...) quando se lia um livro costumava haver testemunhas. Eram frequentes as leituras em p煤blico,e os relatos que agradavam andavam de boca em boca.”
― El infinito en un junco
― El infinito en un junco
“Ler 茅 acumular conhecimento. Mas n茫o apenas isso. Ler nos oferece todo dia o que a religi茫o nos promete para um futuro p贸stumo e improv谩vel: a possibilidade de vivermos mais do que nosso tempo de vida nos permite faz锚-lo.”
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“脡 poss铆vel que uma pessoa que n茫o tenha nada para fazer ou para se entreter prefira o aborrecimento 脿 leitura, e, n茫o raras vezes, vemos crian莽as a rebolarem-se
ou a queixarem-se do enfado, mesmo que estejam rodeadas de livros.”
― O V铆cio dos Livros
ou a queixarem-se do enfado, mesmo que estejam rodeadas de livros.”
― O V铆cio dos Livros

“Mas ao mesmo tempo eu sabia que, a cada vez que eu abrisse um livro, eu veria um pedacinho desse c茅u. Sempre que lesse uma frase, saberia um pouco mais do que antes. E tudo o que leio faz o mundo ficar maior, ficando maior eu tamb茅m.”
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“Pelo menos num sentido, contudo, toda a literatura 茅 ac莽茫o c铆vica: por ser mem贸ria. Toda a literatura preserva algo que, de outra forma, morreria no mesmo instante em que morrem a carne e os ossos do escritor. Ler 茅 reclamar o direito a essa imortalidade humana, porque a mem贸ria da escrita 茅 abrangente e ilimitada. Individualmente, os seres humanos lembram-se de pouca coisa: at茅 mem贸rias extraordin谩rias, como as de Ciro, rei dos persas, capaz de nomear cada soldado nos seus ex茅rcitos, nada s茫o quando comparadas com os volumes que enchem as bibliotecas. Os nossos livros s茫o relatos das nossas Hist贸rias: das nossas epifanias e das nossas atrocidades. Nesse sentido, toda a literatura 茅 testemunhal. Mas, entre os testemunhos, h谩 reflex玫es acerca das tais epifanias e atrocidades, palavras que oferecem essas epifanias para que outros as partilhem, e palavras que envolvem e denunciam as atrocidades de tal modo que n茫o se permita que ocorram em sil锚ncio. S茫o recorda莽玫es de coisas melhores, de esperan莽a, consolo e compaix茫o, e mostram que tamb茅m delas somos, todos n贸s, capazes. N茫o alcan莽amos todas, nem qualquer delas, a todas as horas. Mas a literatura lembra-nos que elas existem, essas qualidades humanas, a seguir aos nossos horrores, t茫o certas como ao nascimento sucede a morte. Tamb茅m elas nos definem. Claro que a literatura talvez n茫o seja capaz de salvar ningu茅m da injusti莽a, nem das tenta莽玫es da cobi莽a, nem das mis茅rias do poder. Mas algo nela tem de ser perigosamente eficaz, se todos os ditadores, todos os governos totalit谩rios, todos os funcion谩rios amea莽ados tentam livrar-se dela, queimando livros, proibindo livros, censurando livros, tributando livros, defendendo com palavras ocas a causa da literacia, insinuando que ler 茅 uma actividade elitista.”
― Packing My Library: An Elegy and Ten Digressions
― Packing My Library: An Elegy and Ten Digressions

“- O que voc锚 faz exatamente com um livro?
- Voc锚 l锚.
- "Oh", disse ela. "E o que significa 'ler'?" Balancei a cabe莽a. Ent茫o comecei a virar as p谩ginas do livro que estava segurando e disse: - "Essas marca莽玫es aqui representam sons. E os sons formam palavras. Voc锚 olha para as marca莽玫es e se lembra dos sons, e a铆 voc锚 pratica bastante, e elas come莽am a soar como se voc锚 estivesse ouvindo uma pessoa falando. Falando - mas em sil锚ncio.”
― Mockingbird
- Voc锚 l锚.
- "Oh", disse ela. "E o que significa 'ler'?" Balancei a cabe莽a. Ent茫o comecei a virar as p谩ginas do livro que estava segurando e disse: - "Essas marca莽玫es aqui representam sons. E os sons formam palavras. Voc锚 olha para as marca莽玫es e se lembra dos sons, e a铆 voc锚 pratica bastante, e elas come莽am a soar como se voc锚 estivesse ouvindo uma pessoa falando. Falando - mas em sil锚ncio.”
― Mockingbird

“Ler deveria ser um item de felicidade, e n茫o uma planilha. Ler para viver e n茫o viver para ler. A felicidade estaria no percurso, e n茫o na meta quantificada.”
― Felicidade: Modos de Usar
― Felicidade: Modos de Usar

“Somos a 煤nica esp茅cie que explica o mundo com 丑颈蝉迟贸谤颈补蝉, que as deseja, tem saudades delas e as utiliza para o processo de cura.”
― Manifiesto por la lectura
― Manifiesto por la lectura

“Come莽a a ler, a mente se solta.
Vira as p谩ginas vorazmente;
V锚 se abrir um mundo diferente.”
― Eugene Onegin
Vira as p谩ginas vorazmente;
V锚 se abrir um mundo diferente.”
― Eugene Onegin
“Olho ao redor e vejo que muitos 鈥� n茫o todos, mas muitos 鈥� problemas que temos poderiam ser sanados, se nossa cultura simplesmente fomentasse o h谩bito da leitura. Ler livros de ci锚ncia, filosofia, hist贸ria. Ler literatura de qualidade, do tipo que nos toque por uma raz茫o mais profunda, como, por exemplo, por ter algo a dizer para al茅m das futilidades e miudezas da vida, mesmo quando retrata o ordin谩rio da vida, ao mesmo tempo em que o diz com estilo, de um modo 铆mpar, admir谩vel. Original.
Por茅m, n茫o somos um pa铆s de leitores. Somos o pa铆s do futebol transformado em culto, da malandragem elevada a virtude cardinal, do Carnaval tipo exporta莽茫o. Um pa铆s onde h谩 mais letras formando siglas partid谩rias do que em tudo o que muitos de nossos pol铆ticos j谩 escreveram na vida. Um pa铆s onde 茅迟颈肠补 se tornou mote para piadas. Onde a democracia n茫o passa de um rid铆culo teatro de fantoches.
Sim. Olho a meu redor e vejo que muitos problemas que temos poderiam ser sanados, tiv茅ssemos o h谩bito da leitura. Mas nem sei se algu茅m est谩 lendo estas palavras.”
―
Por茅m, n茫o somos um pa铆s de leitores. Somos o pa铆s do futebol transformado em culto, da malandragem elevada a virtude cardinal, do Carnaval tipo exporta莽茫o. Um pa铆s onde h谩 mais letras formando siglas partid谩rias do que em tudo o que muitos de nossos pol铆ticos j谩 escreveram na vida. Um pa铆s onde 茅迟颈肠补 se tornou mote para piadas. Onde a democracia n茫o passa de um rid铆culo teatro de fantoches.
Sim. Olho a meu redor e vejo que muitos problemas que temos poderiam ser sanados, tiv茅ssemos o h谩bito da leitura. Mas nem sei se algu茅m est谩 lendo estas palavras.”
―

“O 辫补谤补铆蝉辞 neste mundo se encontra no dorso dos alaz茫es, nas p谩ginas de alguns livros e entre os seios de uma mulher.”
― Relato de um Certo Oriente
― Relato de um Certo Oriente

“os livros, atrav茅s das 丑颈蝉迟贸谤颈补蝉 e da fic莽茫o, podem ser uma forma de recuperarmos algum espa莽o.
Quando eu tinha 11 anos, sem amigos e com dificuldades de integra莽茫o na escola, li Os Marginais, Tempos de Juventude e Tex, todos de S. E. Hinton, e subitamente voltei a ter amigos. Os livros que a autora escrevera eram meus amigos. As personagens que ela criara eram minhas amigas. E eram amigos a s茅rio, pois ajudaram-me, tal como, noutras alturas, fui ajudado pelos meus amigos Ursinho Pooh, Scout Finch, Pip ou pela C茅cile, de Bonjour Tristesse. As 丑颈蝉迟贸谤颈补蝉 em que eles habitavam eram lugares onde eu me podia esconder e sentir--me em seguran莽a.
Os mundos da fic莽茫o s茫o essenciais neste planeta que pode tornar-se excessivo, neste planeta em que estamos a ficar sem espa莽o mental. Esses mundos podem funcionar como um escape 脿 realidade, sim, mas n茫o como escapat贸ria 脿 verdade. 脡 precisamente o contr谩rio. Eu costumava ter dificuldades em integrar-me no mundo 鈥渞eal鈥�. Os c贸digos que t铆nhamos de seguir. As mentiras que t铆nhamos de dizer. Os risos que t铆nhamos de fingir. Mas eu n茫o sentia que a fic莽茫o fosse uma fuga a essas verdades; era uma esp茅cie de porta de entrada nessa realidade. Mesmo que a verdade do livro estivesse repleta de monstros ou ursos falantes, o certo 茅 que havia ali sempre algum tipo de verdade. Uma verdade capaz de manter a nossa sanidade ou, pelo menos, de nos manter na nossa pele.
No meu caso, ler nunca foi uma atividade antissocial. Bem pelo contr谩rio, era profundamente social. Ficar intimamente ligado 脿 imagina莽茫o de outro ser humano era o tipo de socializa莽茫o mais profunda que podia existir. Ler era uma forma de me ligar a algo, sem necessidade de passar pelos in煤meros filtros que, geralmente, a sociedade imp玫e.
Muitas vezes, d谩-se import芒ncia 脿 leitura devido ao valor social. A leitura est谩 associada 脿 别诲耻肠补莽茫辞, 脿 economia, e por a铆 fora. Mas isso 茅 passar ao lado do verdadeiro sentido da leitura.
Ler n茫o 茅 importante por nos ajudar a arranjar um emprego. 脡 importante por nos dar um espa莽o em que podemos existir para l谩 da nossa vida real. 脡 a forma de os seres humanos se juntarem. De as mentes se ligarem umas 脿s outras. 脡 a forma dos sonhos, da empatia, da compreens茫o, do escape.
A leitura 茅 amor em a莽茫o.”
― Notes on a Nervous Planet
Quando eu tinha 11 anos, sem amigos e com dificuldades de integra莽茫o na escola, li Os Marginais, Tempos de Juventude e Tex, todos de S. E. Hinton, e subitamente voltei a ter amigos. Os livros que a autora escrevera eram meus amigos. As personagens que ela criara eram minhas amigas. E eram amigos a s茅rio, pois ajudaram-me, tal como, noutras alturas, fui ajudado pelos meus amigos Ursinho Pooh, Scout Finch, Pip ou pela C茅cile, de Bonjour Tristesse. As 丑颈蝉迟贸谤颈补蝉 em que eles habitavam eram lugares onde eu me podia esconder e sentir--me em seguran莽a.
Os mundos da fic莽茫o s茫o essenciais neste planeta que pode tornar-se excessivo, neste planeta em que estamos a ficar sem espa莽o mental. Esses mundos podem funcionar como um escape 脿 realidade, sim, mas n茫o como escapat贸ria 脿 verdade. 脡 precisamente o contr谩rio. Eu costumava ter dificuldades em integrar-me no mundo 鈥渞eal鈥�. Os c贸digos que t铆nhamos de seguir. As mentiras que t铆nhamos de dizer. Os risos que t铆nhamos de fingir. Mas eu n茫o sentia que a fic莽茫o fosse uma fuga a essas verdades; era uma esp茅cie de porta de entrada nessa realidade. Mesmo que a verdade do livro estivesse repleta de monstros ou ursos falantes, o certo 茅 que havia ali sempre algum tipo de verdade. Uma verdade capaz de manter a nossa sanidade ou, pelo menos, de nos manter na nossa pele.
No meu caso, ler nunca foi uma atividade antissocial. Bem pelo contr谩rio, era profundamente social. Ficar intimamente ligado 脿 imagina莽茫o de outro ser humano era o tipo de socializa莽茫o mais profunda que podia existir. Ler era uma forma de me ligar a algo, sem necessidade de passar pelos in煤meros filtros que, geralmente, a sociedade imp玫e.
Muitas vezes, d谩-se import芒ncia 脿 leitura devido ao valor social. A leitura est谩 associada 脿 别诲耻肠补莽茫辞, 脿 economia, e por a铆 fora. Mas isso 茅 passar ao lado do verdadeiro sentido da leitura.
Ler n茫o 茅 importante por nos ajudar a arranjar um emprego. 脡 importante por nos dar um espa莽o em que podemos existir para l谩 da nossa vida real. 脡 a forma de os seres humanos se juntarem. De as mentes se ligarem umas 脿s outras. 脡 a forma dos sonhos, da empatia, da compreens茫o, do escape.
A leitura 茅 amor em a莽茫o.”
― Notes on a Nervous Planet

“Como ler - essa 茅 uma grande quest茫o que vamos encontrando a toda hora nesse mergulho pelos livros essenciais. Ler criticamente 茅 uma das respostas. Significa que n茫o se l锚 para concordar servilmente em atitude reverente, mas tamb茅m n茫o se l锚 para discordar e refutar num eterno desafio.”
― Como e Por Que Ler os Cl谩ssicos Universais desde Cedo
― Como e Por Que Ler os Cl谩ssicos Universais desde Cedo

“(...) em pouco tempo poderemos ter o pesadelo de 驳别谤补莽玫别蝉 que n茫o conseguem entender a literatura atual porque n茫o conhecem os 肠濒谩蝉蝉颈肠辞蝉 que a procedem.”
― Como e Por Que Ler os Cl谩ssicos Universais desde Cedo
― Como e Por Que Ler os Cl谩ssicos Universais desde Cedo

“Ai que prazer
Nao cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E n茫o o fazer!”
― Poemas Escolhidos de Alberto Caeiro
Nao cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E n茫o o fazer!”
― Poemas Escolhidos de Alberto Caeiro
“O leitor n茫o 茅 passivo, ele opera um trabalho produtivo, ele reescreve. Altera o sentido, faz o que bem entende, distorce, reemprega, introduz variantes, deixa de lado os usos corretos. Mas ele tamb茅m 茅 transformado: encontra algo que n茫o esperava e n茫o sabe nunca onde isso poder谩 lev谩-lo.”
―
―
“(...) o que determina a vida dos seres humanos 茅 em grande medida o peso das palavras, ou o peso de sua aus锚ncia. Quanto mais formos capazes de nomear o que vivemos, mais aptos estaremos para viv锚-lo e transform谩-lo. Enquanto o oposto, a dificuldade de simbolizar, pode vir acompanhado de uma agressividade incontrolada. Quando se 茅 privado das palavras para pensar sobre si mesmo, para expressar sua ang煤stia, sua raiva, suas esperan莽as, s贸 resta o corpo para falar: seja o corpo que grita com todos seus sintomas, seja o enfrentamento violento de um corpo com outro, a passagem para o ato.”
―
―
“Segundo esses pol铆ticos e intelectuais, caberia ent茫o aos professores, aos bibliotec谩rios, introduzir esses jovens marginalizados em uma esp茅cie de rito de passagem, obrigando-os a pertencer, atrav茅s do ato de compartilhar os grandes textos. Encontramos nesses discursos a cren莽a antiga de que os textos escritos poderiam modelar aqueles que os decifram, e que certos textos considerados fundadores, poderiam imprimir-se neles como se fossem p谩ginas em branco, at茅 que os leitores se assemelhassem pouco a pouco ao que ingerem. Vejam que estamos na primeira vertente da leitura.”
―
―
“N茫o se trata de partir em uma cruzada para difundir a leitura, o que seria, ali谩s, a melhor forma de afugentar todo mundo. Mas tamb茅m n茫o se ganha nada se n茫o se distingue a efic谩cia espec铆fica de cada um desses gestos que os soci贸logos e estat铆sticos agrupam em um mesmo pacote chamado "pr谩ticas culturais" ou "pr谩ticas de lazer". Pode ser excitante todo mundo junto gritar em um est谩dio para pontuar o fim de uma can莽茫o ou a trajet贸ria de uma bola de fu-tebol, mas trata-se de um registro muito diferente do da intimidade um pouco transgressora propiciada pela leitura. E, mais ainda, a leitura de fic莽茫o, em que por meio do devaneio subjetivo de um escritor, as palavras tocam os leitores um a um e permitem que expressem o que h谩 de mais secreto neles.”
―
―
“A literatura n茫o 茅 uma experi锚ncia separada da vida; a literatura, a poesia e a arte est茫o tamb茅m na vida; 茅 preciso prestar aten莽茫o.”
― El arte de la lectura en tiempos de crisis
― El arte de la lectura en tiempos de crisis
“N茫o existe pior ou melhor libro, mas o livro que, naquele momento, faz mais sentido para quem est谩 lendo”
― Trinta segundos sem pensar no medo: Mem贸rias de um leitor
― Trinta segundos sem pensar no medo: Mem贸rias de um leitor

“Nenhum outro menino em seu c铆rculo de conhecidos tinha lido o que ele tinha lido e, como tia Mildred escolhia os livros cuidadosamente para ele, assim como havia escolhido para a irm茫, em seu per铆odo de confinamento, treze anos antes, Ferguson lia os livros que ela mandava com uma avidez que parecia fome f铆sica, pois sua tia compreendia quais livros iam dos seis para os oito anos de idade, dos oito para os dez, dos dez para os doze 鈥� e da铆 at茅 o fim do ensino m茅dio. Contos de fadas, para come莽ar os Irm茫os Grimm e os livros muito coloridos compilados pelo escoc锚s Lang, depois os fant谩sticos e assombrosos romances de Lewis Carroll, George MacDonald e Edithh Nesbit, seguidos pelas vers玫es de mitos gregos e romanos escritas por Bulfinch, uma adapta莽茫o infantil de Odisseia, A teia de Charlotte, uma adapta莽茫o de As mil e uma noites, remontadas com o t铆tulo de As sete viagens de Simbad, o Marujo, e mais adiante, uma sele莽茫o de seiscentas p谩ginas de As mil e uma noites originais, e no ano seguinte O m茅dico e o monstro, contos de horror e mist茅rio de Poe, O pr铆ncipe e o mendigo, Raptado, Um conto de Natal, Tom Sawyer e Um estudo em vermelho, e a rea莽茫o de Ferguson foi t茫o forte ao livro de Conan Doyle que o presente que ele ganhou da tia Mildred em seu d茅cimo primeiro anivers谩rio foi uma edi莽茫o imensamente gorda, abundantemente ilustrada, de Hist贸rias Completas de Sherlock Holmes.”
― 4鈥�3鈥�2鈥�
― 4鈥�3鈥�2鈥�

“Naquele tempo o com茅rcio dos livros era, como ainda hoje, artigo de luxo; todavia, apesar de mais baratas, as obras liter谩rias tinham menor circula莽茫o.
Provinha isso da escassez das comunica莽玫es com a Europa, e da maior raridade de livrarias e gabinetes de leitura.
Cada estudante, por茅m, levava consigo a modesta provis茫o que juntara durante as f茅rias, e cujo uso entrava logo para a comunh茫o escol谩stica. Assim correspondia S茫o Paulo 脿s honras de sede de uma academia, tornando-se o centro do movimento liter谩rio.
Uma das livrarias, a que maior cabedal trazia a nossa biblioteca, era de Francisco Otaviano, que herdou do pai uma escolhida cole莽茫o das obras dos melhores escritores da literatura moderna, a qual o jovem poeta n茫o se descuidava de enriquecer com as 煤ltimas publica莽玫es.
Meu companheiro de casa era dos amigos de Otaviano, e estava no direito de usufruir sua opul锚ncia liter谩ria. Foi assim que um dia vi pela primeira vez o volume das obras completas de Balzac, nessa edi莽茫o em folha que os tip贸grafos da B茅lgica vulgarizam p么r pre莽o m贸dico.
As horas que meu companheiro permanecia fora, passava-as eu com o volume na m茫o, a reler os t铆tulos de cada romance da cole莽茫o, hesitando na escolha daquele p么r onde havia de come莽ar. Afinal decidia-me p么r um dos mais pequenos; por茅m, mal come莽ada a leitura, desistia ante a dificuldade.
Tinha eu feito exame de 蹿谤补苍肠锚蝉 脿 minha chegada em S茫o Paulo e obtivera aprova莽茫o plena, traduzindo uns trechos do Tel锚maco e da Henriqueida; mas, ou soubesse eu de outiva a vers茫o que repeti, ou o 蹿谤补苍肠锚蝉 de Balzac n茫o se parecesse em nada com o de Fenelon e Voltaire; o caso 茅 que n茫o conseguia compreender um per铆odo de qualquer dos romances da cole莽茫o.
Todavia achava eu um prazer singular em percorrer aquelas p谩ginas, e p么r um ou outro fragmento de ideia que podia colher nas frases indecifr谩veis, imaginava os tesouros que ali estavam defesos 脿 minha ignor芒ncia.
Conto-lhe este pormenor para que veja qu茫o descurado foi o meu ensino de 蹿谤补苍肠锚蝉, falta que se deu em geral com toda a minha instru莽茫o secund谩ria, a qual eu tive de refazer na m谩xima parte, depois de conclu铆do o meu curso de direito, quando senti a necessidade de criar uma individualidade liter谩ria.
Tendo meu companheiro conclu铆do a leitura de Balzac, a inst芒ncias minhas, passou-me o volume, mas constrangido pela oposi莽茫o de meu parente que receava dessa divers茫o.
Encerrei-me com o livro e preparei-me para a luta. Escolhido o mais breve dos romances, armei-me do dicion谩rio e, trope莽ando a cada instante, buscando significados de palavra em palavra, tornando atr谩s para reatar o fio da ora莽茫o, arquei sem esmorecer com a 铆mproba tarefa. Gastei oito dias com a Grenadi猫re; por茅m um m锚s depois acabei o volume de Balzac; e no resto do ano li o que ent茫o havia de Alexandre Dumas e Alfredo Vigny, al茅m de muito de Chateaubriand e Victor Hugo.
A escola francesa, que eu ent茫o estudava nesses mestres da moderna literatura, achava-me preparado para ela. O molde do romance, qual mo havia revelado p么r mera casualidade aquele arrojo de crian莽a a tecer uma novela com os fios de uma ventura real, fui encontr谩-lo fundido com a eleg芒ncia e beleza que jamais lhe poderia dar.”
― Como e Por Que Sou Romancista
Provinha isso da escassez das comunica莽玫es com a Europa, e da maior raridade de livrarias e gabinetes de leitura.
Cada estudante, por茅m, levava consigo a modesta provis茫o que juntara durante as f茅rias, e cujo uso entrava logo para a comunh茫o escol谩stica. Assim correspondia S茫o Paulo 脿s honras de sede de uma academia, tornando-se o centro do movimento liter谩rio.
Uma das livrarias, a que maior cabedal trazia a nossa biblioteca, era de Francisco Otaviano, que herdou do pai uma escolhida cole莽茫o das obras dos melhores escritores da literatura moderna, a qual o jovem poeta n茫o se descuidava de enriquecer com as 煤ltimas publica莽玫es.
Meu companheiro de casa era dos amigos de Otaviano, e estava no direito de usufruir sua opul锚ncia liter谩ria. Foi assim que um dia vi pela primeira vez o volume das obras completas de Balzac, nessa edi莽茫o em folha que os tip贸grafos da B茅lgica vulgarizam p么r pre莽o m贸dico.
As horas que meu companheiro permanecia fora, passava-as eu com o volume na m茫o, a reler os t铆tulos de cada romance da cole莽茫o, hesitando na escolha daquele p么r onde havia de come莽ar. Afinal decidia-me p么r um dos mais pequenos; por茅m, mal come莽ada a leitura, desistia ante a dificuldade.
Tinha eu feito exame de 蹿谤补苍肠锚蝉 脿 minha chegada em S茫o Paulo e obtivera aprova莽茫o plena, traduzindo uns trechos do Tel锚maco e da Henriqueida; mas, ou soubesse eu de outiva a vers茫o que repeti, ou o 蹿谤补苍肠锚蝉 de Balzac n茫o se parecesse em nada com o de Fenelon e Voltaire; o caso 茅 que n茫o conseguia compreender um per铆odo de qualquer dos romances da cole莽茫o.
Todavia achava eu um prazer singular em percorrer aquelas p谩ginas, e p么r um ou outro fragmento de ideia que podia colher nas frases indecifr谩veis, imaginava os tesouros que ali estavam defesos 脿 minha ignor芒ncia.
Conto-lhe este pormenor para que veja qu茫o descurado foi o meu ensino de 蹿谤补苍肠锚蝉, falta que se deu em geral com toda a minha instru莽茫o secund谩ria, a qual eu tive de refazer na m谩xima parte, depois de conclu铆do o meu curso de direito, quando senti a necessidade de criar uma individualidade liter谩ria.
Tendo meu companheiro conclu铆do a leitura de Balzac, a inst芒ncias minhas, passou-me o volume, mas constrangido pela oposi莽茫o de meu parente que receava dessa divers茫o.
Encerrei-me com o livro e preparei-me para a luta. Escolhido o mais breve dos romances, armei-me do dicion谩rio e, trope莽ando a cada instante, buscando significados de palavra em palavra, tornando atr谩s para reatar o fio da ora莽茫o, arquei sem esmorecer com a 铆mproba tarefa. Gastei oito dias com a Grenadi猫re; por茅m um m锚s depois acabei o volume de Balzac; e no resto do ano li o que ent茫o havia de Alexandre Dumas e Alfredo Vigny, al茅m de muito de Chateaubriand e Victor Hugo.
A escola francesa, que eu ent茫o estudava nesses mestres da moderna literatura, achava-me preparado para ela. O molde do romance, qual mo havia revelado p么r mera casualidade aquele arrojo de crian莽a a tecer uma novela com os fios de uma ventura real, fui encontr谩-lo fundido com a eleg芒ncia e beleza que jamais lhe poderia dar.”
― Como e Por Que Sou Romancista
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