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“Aqueles dentre n贸s que t锚m sido verdadeiros leitores durante toda a vida raramente compreendem de maneira plena a enorme extens茫o do nosso ser da qual somos devedores aos escritores. Compreendemos isso mais quando conversamos com um amigo que 茅 um leitor n茫o literato. Pode ser uma pessoa cheia de bondade e bom senso, mas 茅 algu茅m que vive em um mundo min煤sculo. N贸s nos sentir铆amos sufocados nesse mundo. A pessoa que est谩 contente em ser apenas ela mesma e, portanto, menos que um "eu", est谩 em uma pris茫o. Os meus olhos n茫o s茫o o bastante para mim. Eu vejo atrav茅s dos olhos dos outros. A realidade, mesmo vista atrav茅s dos olhos de muitos, n茫o 茅 o bastante. Eu verei o que outros inventaram. Mesmo os olhos de toda a humanidade n茫o s茫o suficientes. Lamento que os animais n茫o possam escrever livros. Eu aprenderia com muita alegria qual 茅 a imagem que as coisas t锚m para um rato ou para uma abelha. Mais alegre ainda ficaria se percebesse o mundo olfativo carregado com todas as informa莽玫es e emo莽玫es que este mundo tem para um c茫o.”
― C.S. Lewis, An Experiment in Criticism

“Tal como a experi锚ncia da comunica莽茫o tem abundantemente demonstrado, o poder de mobiliza莽茫o da palavra oral, no imediato, em nada inferior ao da palavra escrita, e mesmo, num primeiro momento, talvez mais apta que ela a arrebanhar vontades e multid玫es, 茅 dotada de um alcance hist贸rico bastante mais limitado, devido a que, com as repeti莽玫es do discurso, se lhe fatiga com rapidez o f么lego e se lhe desviam os prop贸sitos. N茫o se v锚 outra raz茫o para que as leis que nos regem estejam todas escritas.”
― Jos茅 Saramago, The Double

“Pelo menos num sentido, contudo, toda a literatura 茅 ac莽茫o c铆vica: por ser mem贸ria. Toda a literatura preserva algo que, de outra forma, morreria no mesmo instante em que morrem a carne e os ossos do escritor. Ler 茅 reclamar o direito a essa imortalidade humana, porque a mem贸ria da escrita 茅 abrangente e ilimitada. Individualmente, os seres humanos lembram-se de pouca coisa: at茅 mem贸rias extraordin谩rias, como as de Ciro, rei dos persas, capaz de nomear cada soldado nos seus ex茅rcitos, nada s茫o quando comparadas com os volumes que enchem as bibliotecas. Os nossos livros s茫o relatos das nossas Hist贸rias: das nossas epifanias e das nossas atrocidades. Nesse sentido, toda a literatura 茅 testemunhal. Mas, entre os testemunhos, h谩 reflex玫es acerca das tais epifanias e atrocidades, palavras que oferecem essas epifanias para que outros as partilhem, e palavras que envolvem e denunciam as atrocidades de tal modo que n茫o se permita que ocorram em sil锚ncio. S茫o recorda莽玫es de coisas melhores, de esperan莽a, consolo e compaix茫o, e mostram que tamb茅m delas somos, todos n贸s, capazes. N茫o alcan莽amos todas, nem qualquer delas, a todas as horas. Mas a literatura lembra-nos que elas existem, essas qualidades humanas, a seguir aos nossos horrores, t茫o certas como ao nascimento sucede a morte. Tamb茅m elas nos definem. Claro que a literatura talvez n茫o seja capaz de salvar ningu茅m da injusti莽a, nem das tenta莽玫es da cobi莽a, nem das mis茅rias do poder. Mas algo nela tem de ser perigosamente eficaz, se todos os ditadores, todos os governos totalit谩rios, todos os funcion谩rios amea莽ados tentam livrar-se dela, queimando livros, proibindo livros, censurando livros, tributando livros, defendendo com palavras ocas a causa da literacia, insinuando que ler 茅 uma actividade elitista.”
― Alberto Manguel, Packing My Library: An Elegy and Ten Digressions

“E nasci para escrever. A palavra 茅 o meu dom铆nio sobre o mundo.”
― Clarice Lispector

“A hist贸ria de uma 蹿补尘铆濒颈补 parece mais com um mapa topogr谩fico do que com um romance, e uma biografia 茅 a soma de todas as eras geol贸gicas que voc锚 atravessou. Escrever-se a si mesma significa lembrar que voc锚 nasceu com raiva e que foi um despejo de lava denso e cont铆nuo, antes que sua crosta endurecesse e rachasse para deixar aflorar uma esp茅cie de amor, ou que a for莽a in煤til do perd茫o viesse polir e achatar qualquer forma莽茫o de um vale em voc锚. Reler-se a si mesma significa inventar aquilo pelo que voc锚 passou, detectar cada estrato de que est谩 composta: os cristais de j煤bilo ou de 蝉辞濒颈诲茫辞 no fundo, as consequ锚ncias de uma lembran莽a que evaporou, tudo o que foi escavado e depois inundado, apenas para se dar conta de que n茫o 茅 verdade que o tempo cura 鈥� h谩 uma fratura que jamais ser谩 preenchida. A 煤nica coisa que o tempo faz 茅 carregar consigo o p贸 e ervas daninhas, de modo que aquela fissura seja coberta at茅 se transformar numa paisagem distinta, distante, quase de f谩bula, na qual se fala um idioma que n茫o se conhece mais, t茫o veross铆mil quanto o 茅lfico. Paisagens sobre as ruinas da sua 蹿补尘铆濒颈补, e voc锚 se d谩 conta de que algumas palavras foram apagadas, mas outras salvas, algumas desapareceram, enquanto outras far茫o sempre parte da sua reverbera莽茫o, e ent茫o finalmente se chega 脿 margem do seu pai e da sua 尘茫别, depois de anos acreditando que morrer ou enlouquecer fosse o 煤nico jeito de estar 脿 altura deles. 脡 l谩 ent茫o que voc锚 entende que tudo no seu sangue 茅 uma chamada e voc锚 茅 somente eco de uma mitologia pregressa.”
― Claudia Durastanti, La straniera

“A autobiografia, e a da minha 尘茫别 n茫o 茅 uma exce莽茫o, 茅 a bastarda entre os g锚neros liter谩rios, porque baixa o limiar: est谩 nas m茫os dos refugiados, mulheres, deficientes, sobreviventes do Holocausto, sobreviventes de qualquer coisa.”
― Claudia Durastanti, La straniera

“Eu tinha tudo o que precisava para come莽ar. O destino era cheio de ironias. Aprend铆amos sobre a vida quando enfrent谩vamos a morte; reviv铆amos o amor quando o enterr谩vamos; e reconstru铆amos sonhos quando eles j谩 estavam despeda莽ados. Foi preciso perder o medo de machucar os outros para que eu encontrasse minha coragem em algum lugar escondida dentro de mim.”
― Ben Oliveira

“Espero que n茫o pense que sou um monstro por escolher minha vida, ao menos uma vez. Foi preciso deixar meu sonho e meu amor morrerem para que eu percebesse que ainda estava viva. S贸 sei que n茫o posso continuar naquela personagem, aquela vers茫o mal-acabada de mim, um zumbi que se perdeu. Tudo o que preciso 茅 de uma chance de sair desse beco no qual me encontro. Entenda, h谩 coisas que, depois que descobrimos, nunca mais nos deixam voltar atr谩s. N茫o 茅 como se voc锚 pudesse esquecer aquilo o que aprendeu.”
― Ben Oliveira

“Desde a inf芒ncia, quase todos meus hiperfocos foram art铆sticos. Em outras palavras, nasci para ser artista. 脡 mais forte do que eu.”
― Ben Oliveira

“A vontade n茫o pode ser expressa em palavras, a ess锚ncia da vontade ultrapassou os limites da express茫o escrita,”
― Heng Sao Tian Ya

“O Jorge Luis Borges dizia que o escritor publica seus livros para livrar-se deles, para n茫o ficar reescrevendo-os ao infinito. Mas Borges, que nunca fez um texto muito longo, foi um grande exemplo de quem sempre soube onde parar.”
― Luis Fernando Verissimo, Verissimas: Frases, reflex玫es e sacadas sobre quase tudo

“Gosto muito de uma frase do Zuenir Ventura, que diz que ele n茫o gosta de escrever, gosta de ter escrito. O ato de escrever n茫o me d谩 muito prazer, n茫o. Bom 茅 ter escrito.”
― Luis Fernando Verissimo, Verissimas: Frases, reflex玫es e sacadas sobre quase tudo

“Sempre escrevemos para recordar a verdade. Quando inventamos, 茅 para record谩-la mais exatamente.”
― Luis Fernando Verissimo, Verissimas: Frases, reflex玫es e sacadas sobre quase tudo

“Nessa altura comecei a descobrir a inc贸moda verdade: a mat茅ria-prima da literatura n茫o 茅 a felicidade mas a infelicidade humana, e os escritores, tal como os abutres, preferem alimentar-se de carne putrefacta.”
― Mario Vargas Llosa, Historia Secreta de Una Novela

“Descobri nessa altura que os romances se escreviam principalmente com obsess玫es e n茫o com convic莽玫es, que o contributo do irracional era, pelo menos, t茫o importante como o racional na feitura duma 蹿颈肠莽茫辞.”
― Mario Vargas Llosa, Historia Secreta de Una Novela

“E se tem uma coisa que eu sei 茅 que essa escrita vem da tens茫o, uma tens茫o entre o que est谩 dentro e o que est谩 fora.”
― Rachel Cusk, Outline

“O escritor s贸 se sente bem de verdade quando est谩 escrevendo. Quando est谩 no mundo real, ele apenas tolera.”
― Suzana dos Anjos Pereira

“Enquanto eu tentava estabelecer alguma ordem com a escrita, eles continuavam se comunicando com os astros superiores e as subst芒ncias ingovern谩veis, refor莽ando sempre em mim a suspeita de que as palavras n茫o significam nada a n茫o ser quando s茫o literais e de que qualquer outro res铆duo 茅 uma grande perda de tempo e sentido: a vida 茅 seduzida e hipnotizada em sil锚ncio, todo o resto 茅 fracasso.”
― Claudia Durastanti, La straniera

“Tentem tomar decis玫es impensadas e distra铆das sobre seu corpo quando s茫o adolescentes ou ainda intactos. Suti茫s errados que fazem cair os peitos, dietas tempestivas que ir茫o deixar uma teia de aranha de estrias como o craquel锚 num quadro a 贸leo, furos, tatuagens, dilata莽玫es, tentem fazer escolhas que poder茫o parecer erros e tentem obter um corpo que n茫o 茅 uma conquista, mas a soma de todas as suas inscri莽玫es, uma escrita em braille de erros. E pensar que ser谩 assim para sempre.”
― Claudia Durastanti, La straniera

“A minha 迟谤补苍蝉肠别苍诲锚苍肠颈补
脡 virar palavra.

Escrevo, pois:

Sublimo o corpo,
Metamorfo -
Liberto a alma.”
― Guilherme Henz Franco

“Palavra 茅 aventura”
― Vince Vinnus

“O mito 茅 uma inven莽茫o sobre a verdade. Viemos de Deus e inevitavelmente os mitos que tecemos, apesar de conterem erros, refletem tamb茅m um fragmento da verdadeira luz, da verdade eterna que est谩 em Deus. De fato, apenas ao criar mitos, ao se tornar "subcriador" e inventar hist贸rias茅 que o Homem pode se aproximar do estado de perfei莽茫o que conhecia antes da Queda.”
― J. R. R. Tolkein

“Palavras, sentimentos, ambos irrelevantes quando se vive o bastante para entender como o mundo funciona.”
― Diego da Silva Pinto

“Ele lia muito e lia muito r谩pido e lia com muita ferocidade. Por qu锚? Porque nutria desde novo a fornalha que 茅 o peito de um escritor.”
― Bernardo E. Lopes, Debutante

“Era angustiante ver que n茫o lia mais pelo prazer, mas pela busca, sua ambi莽茫o sem precedentes de se tornar o maior e mais importante organizador da nossa l铆ngua.”
― Bernardo E. Lopes, Debutante

“Meu primo tinha um fraco por finais abertos. Creio que eu mesmo o influenciei muito nesse quesito. Ele defendia que, na vida real, 鈥榯udo continua鈥�, e que em sua Literatura n茫o havia de ser diferente.”
― Bernardo E. Lopes, Debutante

“Nisto, s贸 havia dois pensamentos conflitantes na minha mente: "Respira fundo, t谩 tudo bem!", e "Minha escrita foi escolhida, ah meu Deus! Eu fui escolhida!".”
― Alice Santos, Zaya: pessoas tamb茅m florescem

“Mas se decidi soltar um tanto de minha hist贸ria, e se em torno dela voassem outras, por que eu haveria de quer锚-la aprisionada em um relic谩rio? H谩 de se preparar pra nudez p煤blica? Pro escrut铆nio da intimidade? N茫o, n茫o existe preparo, isso 茅 uma escolha. Ningu茅m encostou em mim, eu mesma arranquei minhas roupas. No fim das contas, a 煤nica coisa que ficou comigo e que me faz continuar 茅 o desespero; 茅 ir at茅 minha escrivaninha a cada manh茫 com a convic莽茫o de que n茫o me resta nada, 茅 a renova莽茫o di谩ria da contradi莽茫o: entrar, de bom grado, num beco sem sa铆da.”
― Carla Piazzi, Luminol

“Pra mim, pelo menos, o desespero 茅 de quem escreve, e n茫o de quem l锚. Eu posso at茅 encontr谩-lo (e encontro) em meus livros de cabeceira, mas nunca li motivada pela desesperan莽a. Que fa莽am suas leituras, isso n茫o 茅 comigo.”
― Carla Piazzi, Luminol

“Todo escritor 茅, de certo modo, um vulgo suicida errante em sua tenaz sinceridade; n茫o lhe 茅 dado pesar as pr贸prias palavras. Ele quer trazer ao palco aquilo que os outros preferem manter nos bastidores; da铆 surge uma curiosa tend锚ncia a, eventualmente, tornar-se persona non grata em sua pr贸pria sociedade, quando n茫o na pr贸pria humanidade. Palavras cortam mais do que navalhas bem afiadas. De todo modo, sua voz j谩 n茫o lhe pertence mais: 茅 a voz de muitos. Sua individualidade n茫o pode lhe pertencer 鈥� a 颈濒耻蝉茫辞 do ego est谩 quebrada. J谩 n茫o 茅 o dono de suas epifanias e, depois de declar谩-las, elas se tornam de outrem. Seja escrevendo por dor, amor ou aten莽茫o, dito de outro modo, o poeta n茫o pode ser culpado por palavras que n茫o s茫o dele 鈥� elas apenas passaram por ele, como um vento de outono que atravessa as 谩rvores e faz as folhas ca铆rem. Ele enuncia as palavras, simplesmente d谩 corpo 脿quilo que encontrou pelo caminho. Tamb茅m j谩 n茫o deve mais se preocupar com o que quer que seja 鈥� escrever est谩 muito acima de outras coisas, sobretudo da opini茫o vazia daqueles que s贸 sabem repetir o discurso que lhes ensinaram, dos cr铆ticos que nada fizeram e dos gram谩ticos que tentam corrigir os poemas dos poetas imortais. Sobretudo porque a escrita, em sua finalidade dial茅tica, n茫o serve para aclarar, mas para confundir, esconder, driblar ou, mesmo, servir 脿 tro莽a e 脿 ironia. O escritor n茫o deve fidelidade a ningu茅m, exceto, somente, a sua pr贸pria arte.”
― Geverson Ampolini